A tatuagem "Não reanimar" ("Do not resuscitate", em inglês) de um paciente de 70 anos, que deu entrada inconsciente e em risco de vida na urgência do hospital da Universidade de Miami, nos Estados Unidos, causou agitação e dúvidas na equipa médica.

O homem precisava de ser reanimado com recurso a um desfibrilhador, embora os médicos tenham detetado uma tatuagem no peito do paciente que dizia "Não reanimar". Seria ou não uma marca representativa do seu testamento vital? Da sua vontade enquanto cidadão?

Em declarações à publicação científica "The New England Journal of Medicine", a equipa médica admite que, enquanto debatiam como agir, iam administrando antibióticos e medicação para baixar a pressão sanguínea.

"Inicialmente, decidimos não seguir as indicações da tatuagem, sob o princípio de que não deveríamos escolher um caminho irreversível quando confrontados com a incerteza", explica o médico Gregory Holt, que assistiu o doente.

Leia também10 recomendações médicas antes de fazer um piercing ou tatuagem

As dúvidas levaram os médicos a requerem ao departamento de ética hospitalar uma posição face ao incidente. O organismo investigou o historial do doente e identificou uma declaração previamente assinada, numa outra ocorrência hospitalar, em que o homem admitia que não queria ser reanimado. Tal papel levou a equipa clínica a acatar a decisão do paciente que acabou por morrer.

Não é a primeira vez que tatuagens colocam os médicos em dúvida. Gregory Holt recorda uma outra situação em que detetou uma tatuagem num paciente com as iniciais "D.N.R.", mas que afinal não se coadunava com a intenção do paciente em não ser reanimado.

O testamento vital existe em Portugal, desde 2012, e prevê que os doentes dêem a conhecer aos médicos a vontade de prolongar (ou não) a vida quando os utentes estiverem incapazes de expressar a sua vontade.

Veja ainda: 15 coisas que nos tiram anos de vida