Rose Marie Bentley era uma nadadora assídua nas piscinas de Portland, cidade onde criou cinco filhos, ajudou o marido a administrar um supermercado e viveu até aos 99 anos. Foi depois da sua morte que estudantes de medicina descobriram que todos os órgãos internos daquela mulher, exceto o coração, estavam no lugar errado, escreve a agência de notícias France-Presse.
A descoberta deste caso raro, cuja condição médica é designada por situs inversus, foi apresentada esta semana numa conferência de médicos especialistas em Anatomia Patológica, e é descrita como "surpreendente", sobretudo dada a longevidade de Rose Marie Bentley.
Pessoas com situs inversus tendem a ter doenças coronárias com comprometimento do risco de vida e outras anormalidades de saúde, de acordo com a Oregon Health & Science University (OHSU). Não é conhecido na literatura científica casos de pessoas que tenham vivido para além dos 73 anos com aquela anomalia congénita.
A descoberta foi feita quando a turma de Cameron Walker, um professor assistente de anatomia na Universidade de Portland, examinou o coração de um cadáver no ano passado.
Durante a análise, descobriram que os vasos sanguíneos eram diferentes do habitual. Quando abriram a cavidade abdominal do cadáver, aperceberam-se que todos os outros órgãos estavam dispostos do lado errado. Os vasos sanguíneos incomuns ajudaram, no entanto, o coração a compensar essa anomalia genética.
Walker descreve a sua reação à descoberta como "definitivamente uma mistura de curiosidade, fascínio e uma sensação de querer explorar um pouco de um mistério médico - uma maravilha médica", resumiu.
A família de Bentley não sabia da existência daquela anomalia congénita, que segundo a OHSU ocorre apenas uma vez em cada 22.000 nascimentos.
Bentley, que vivia em Molalla, a 40 quilómetros a sul de Portland, teve sempre uma vida normal. A sua única reclamação física recorrente dizia respeito à artrite de que padecia, lembrou a filha Louise Allee à agência de notícias France-Presse.
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