25 de setembro de 2013 - 10h06

A mindfulness, técnica de meditação para "uma plena consciência", pode provocar bem-estar e ser eficaz na prevenção da depressão, mas somente 15 em cada 100 portugueses ouviu falar desta solução também ainda pouco investigada, disse hoje um especialista.

"A técnica pode permitir à pessoa interpretar de maneira diferente problemas antigos, dar novas significações às coisas que normalmente sente ou os estímulos que lhe são habituais e com isso, eventualmente, até encontra soluções novas e mais criativas", a partir do relaxamento, explicou à agência Lusa Osvaldo Santos.

O responsável pelo estudo "Mindfulness", realizado para a DecoProteste, referiu que as técnicas meditativas que provocam estados alterados de consciência são uma forma diferente de estar consciente dos problemas, e esta alternativa, como outras, implica um estado de relaxamento ou descontração, mas distingue-se por não exigir a concentração focada num determinado objeto.

As respostas de 1.849 inquiridos, entre os 18 e 74 anos, revelam que só 15% tinha ouvido falar de mindfulness, "o que é muito pouco, mas ilustra a realidade", cenário muito diferente do que acontece, por exemplo, na Bélgica, onde também foi realizado o estudo e em que se atingia 40%.

Em Portugal, só 1% dos inquiridos refere ter experimentado, percentagem que na Bélgica sobe aos 9%, e praticamente todas diziam ter tido contacto com a técnica em contexto não clínico, em associações budistas ou de práticas mais orientais.

Osvaldo Santos reconheceu que a investigação "ainda é muito incipiente nestas áreas pelo facto de eventualmente a própria comunidade científica ter alguma relutância em estudar este tipo de técnicas, a que muito facilmente as pessoas aderem".

Os trabalhos existentes mostram que "há algum potencial efeito benéfico na técnica, de reduzir a ansiedade" ou mesmo a questão da dor, mas "é preciso que haja mais investigação", frisou.

A técnica, "um conjunto de procedimentos que tem valor clínico", pode ser usada para melhorar aspetos relacionados com saúde mental por clínicos competentes, como psicólogos, psicoterapeutas ou psiquiatras, e pode ter uma utilização não clínica, mais ligada a religiões, como budismo ou hinduísmo.

Na próxima edição da Teste Saúde, publicação da DecoProteste a divulgar na quinta-feira, é referido que o objetivo da mindfulness é "obter uma observação neutra do que se passa, sem sentimentos de tristeza ou euforia, conduzindo o praticante a uma nova forma de ver e interpretar os problemas e as emoções" e é útil na gestão do stress e nas situações de "burnout" (esgotamento no trabalho).

A ideia "é dar atenção a tudo e ao mesmo tempo não ficar preso a uma determinada sensação, sermos capazes de ser mais observadores e menos atores na sensação, não ficarmos agarrados às emoções que os estímulos nos provocam", especificou Osvaldo Santos, acrescentando que "é um exercício que se torna difícil e é preciso treino".

O psicólogo clínico insistiu na necessidade de escolher o terapeuta adequado para aplicar a técnica, quando existe uma patologia, como depressão, o que é diferente de procurar a mindfulness para aumentar o bem-estar.

Lusa