Estima-se que entre 25 a 40 por cento da população portuguesa com VIH esteja também infetada com o vírus da hepatite C (VHC). Contudo, Portugal continua a ser um dos países da Europa com maior proporção de co-infetados, sendo que apenas uma pequena parte acede ao tratamento, devido ao estigma, aos efeitos secundários da terapêutica e à perceção generalizada de que não é urgente tratar.

A falência hepática fortemente associada à hepatite C crónica é cada vez mais a causa de morte nas pessoas que vivem com VIH. Foi pensar nesta realidade que o GAT, Grupo Português de Ativistas sobre Tratamentos de VIH/SIDA – Pedro Santos, editou um manual de apoio a doentes e familiares que contou com o contributo de profissionais de saúde que lidam diariamente com ambas as doenças.

O “Guia sobre Hepatite C para as pessoas que vivem com o VIH”, tem o apoio da Coordenação Nacional para a Infeção VIH (CNVIH) e ACS através do projeto INFO VIH/SIDA e da Roche Farmacêutica, e vai ser lançado no dia 4 de junho no Fórum das Hepatites, durante a Semana Digestiva 2011, que decorrerá de 1 a 4 de Junho, no Centro de Congressos de Estoril.

O Guia foi escrito maioritariamente por doentes numa linguagem acessível mas rigorosa com o intuito de informar e aumentar a literacia entre os doentes, familiares e amigos sobre as especificidades da co-infeção VIH/VHC e a importância do tratamento. A publicação será distribuída gratuitamente nos serviços de Infecciologia, Gastrenterologia e Hepatologia dos hospitais, nos ETs (ex-CATs)  IDT, nas Equipas de Rua que trabalham na redução de risco entre as pessoas que usam drogas, entre outros.

A edição foi coordenada pela médica internista Maria José Campos* e conta com a revisão científica de Rui Tato Marinho*, Hepatologista no Hospital de Santa Maria, e Paula Peixe, Hepatologista no Hospital Egas Moniz.

De acordo com Luís Mendão, presidente do GAT “Há cada vez mais pessoas co-infetadas em Portugal que morrem ou estão em risco de vida, não pelas doenças definidoras de SIDA, mas pela falência hepática devida em grande parte  à progressão da doença associada à Hepatite C que no entanto é, em grande parte dos casos, curável.

Hoje em dia a infeção pelo VIH, desde que devidamente tratada, pode ser considerada uma condição crónica.” O tratamento, que tem uma duração guiada pela resposta do doente, pode oscilar entre 6 meses até um ano e meio e regista atualmente uma taxa assinalável de sucesso.

O Fórum Hepatites, da responsabilidade da Sociedade Portuguesa de Gastrenterologia (SPG), Associação Portuguesa para o Estudo do Fígado (APEF), SOS Hepatites e GAT, é o palco escolhido para o lançamento da publicação, que irá acompanhar a discussão em torno de temáticas relacionadas com as hepatites, entre as 10h30 e as 12h30 do dia 4. “Quem pesquisar?”, “Álcool, vírus e fígado” e “Terapêuticas do futuro” são alguns dos temas que constam do programa.

Sobre o GAT

O GAT, Grupo Português de Activistas sobre Tratamentos de VIH/SIDA – Pedro Santos, é uma organização não-governamental, sem fins lucrativos, fundada em 2001, por pessoas afetadas pelo VIH de diferentes comunidades e organizações com o objetivo de promover o acesso universal à prevenção, ao diagnóstico e ao estado da arte em tratamentos para o VIH e doenças frequentemente associadas como as Hepatites víricas e a tuberculose. 

Pedro Santos foi um dos primeiros ativistas dos tratamentos em Portugal e fundador do GAT apresentou publicamente a organização no 4.º Congresso Nacional sobre Sida, em Março de 2002. Faleceu em Setembro do mesmo ano.

*ambos membros do Conselho Consultivo do GAT

02 de junho de 2011

Fonte: Guess What Press