11 de julho de 2013 - 15h10

O estudo de um grupo de mulheres portuguesas concluiu que as
alterações hormonais da menopausa se associam a sintomas sexuais,
vasomotores e de mudanças na pele, mas não justificam dores,
modificações na memória, depressão ou ansiedade.

Tanto os
acontecimentos de vida como a característica individual da pessoa, o
bem-estar espiritual e a resiliência "vão predizer muitos mais sintomas,
incluindo os físicos de dor e mau estar físico, do que propriamente as
alterações hormonais", disse hoje à agência Lusa a investigadora Filipa
Pimenta.

"Curiosamente, aquilo que descobrimos é que as alterações
no ciclo hormonal [redução de estrogéneos e desaparecimento da
menstruação] estavam associadas apenas a três tipos de sintomas -
sexuais, ou seja, diminuição da libido ou do desejo sexual e secura
vaginal, sintomas vasomotores e alterações na pele ou nos pelos
faciais", explicou.

"Todos os outros sintomas, como dor,
alterações cognitivas em termos de memória, esquecimento, humor
deprimido ou ansiedade não eram explicados pelas variações no ciclo
menstrual", acrescentou Filipa Pimenta.

A professora do Instituto
Superior de Psicologia Aplicada (ISPA) e psicóloga clínica estudou um
grupo de 1.003 mulheres, entre 42 e 60 anos, uma amostra "comunitária",
recolhida em escolas, empresas e departamentos de ginecologia de
hospitais, e realçou que "o resultado não pode ser generalizado à
população portuguesa, mas permite tirar conclusões e lançar novas
questões".

Habitualmente é aceite que as alterações fisiológicas
da menopausa provocam um conjunto de sintomas, nomeadamente psicológicos
e, "neste estudo, isso não foi comprovado".

Por isso, a
especialista questionou se haveria outros elementos, nomeadamente
fatores externos, do contexto da pessoa, ou até pessoais, que pudessem
explicar os outros sintomas e escolheu dois: um externo e outro pessoal.

O
externo relaciona-se com os acontecimentos de vida, os eventos que vão
acontecendo ao longo dos anos, como, por exemplo, entrar numa relação,
ser promovida no trabalho, ser despedida ou passar pela morte de uma
pessoa importante.

O fator interno é uma característica pessoal, o
sentimento de bem-estar espiritual que a pessoa sente relativamente a
si mesma e à comunidade, à natureza e à transcendência, como explicou
Filipa Pimenta.

A menopausa, que sucede em média aos 51 anos, é
muitas vezes representada, de acordo com o modelo biomédico, como uma
deficiência de estrogénios endógena, e a mulher deixa de ter menstruação
devido a esta diminuição de estrogéneos.

Esta situação vai
provocar um conjunto de sintomas vasomotores, caracterizados pelo calor,
afrontamentos e suores noturnos, sexuais, como redução do desejo ou
secura vaginal, urinários. Têm também sido associados ao processo
sintomas psicológicos, como humor deprimido e ansiedade, e físicos, como
dor nas articulações ou alterações de peso.

Cerca de 60% das 1.003 mulheres inquiridas ganharam peso na transição para a menopausa, adiantou a psicóloga.

Lusa