A anterior paralisação dos trabalhadores do Estado foi também uma greve de médicos, em maio de 2013, na altura reivindicando melhores condições de trabalho.

Desta vez, os profissionais de saúde anunciaram a greve alegando ter passado a receber menos com a nova Tabela Salarial Única (TSU) da função pública, que entrou em vigor em outubro.

A classe reivindica a reposição de subsídios previstos no Estatuto do Médico e a correção de erros de enquadramento nas carreiras profissionais.

Alguns clínicos gerais que auferiam 60 mil meticais (951 euros), passaram a ganhar 35 mil meticais (554 euros), exemplificou o presidente da Associação Médica de Moçambique, Milton Tatia.

“Vamos entrar em greve às 07:00 [05:00 em Lisboa] de segunda-feira, uma paralisação nacional, com a exceção dos serviços mínimos, ao nível das urgências”, disse o dirigente à Lusa.

Tatia avançou que todas as categorias de médicos vão parar, “do clínico geral ao médico que está prestes a reformar-se”, porque os problemas causados pela TSU “abrangem-nos a todos”.

“A adesão a esta greve vai ser enorme”, antecipa.

O protesto vai paralisar consultas externas não urgentes, cirurgias eletivas (programadas, mas adiáveis), campanhas de vacinação com supervisão médica, acompanhamento de estudantes estagiários de medicina e ações formativas envolvendo médicos.

Não vão parar as cirurgias, nem exames ou outros serviços de urgência.

Milton Tatia afirmou que foram divulgadas “escalas e diretivas” junto dos médicos para assegurar a prestação de cuidados que não devem ser suspensos devido à greve.

O Governo não deu provimento às reivindicações, apesar das negociações na quarta-feira, numa reunião realizada depois de entregue o pré-aviso de greve ao ministro da Saúde, Armindo Tiago.

“O Governo não quer conceder os subsídios que estão plasmados no nosso estatuto e quer continuar com aquela redução drástica”, queixou-se Milton Tatia.

Grupos de professores também têm ameaçado com greves, boicotando exames, em protesto contra erros na TSU.

O Governo moçambicano anunciou na quarta-feira ter criado uma comissão que vai funcionar durante um ano, para resolver cada reclamação de funcionários públicos prejudicados com a nova tabela no prazo de 15 dias.