14 de maio de 2013 - 14h22

O Centro Hospitalar de S. João do Porto iniciou há vários meses a produção de uma molécula em falha no mercado português, prevendo que em agosto/setembro o medicamento esteja disponível para administrar aos doentes ali internados.

A decisão de produzir alguns medicamentos surgiu do facto de produtos em fim de linha, sem patente, que são essenciais ao tratamento dos doentes, terem deixado de ser distribuídos em Portugal por razões económicas, ou seja, “deixaram de ser rentáveis para os fornecedores, obrigando-nos a recorrer à importação”, explicou à Lusa Paulo Carinha, diretor do Serviço de Farmácia do S. João.

“Para evitar a importação e termos um custo inferior, decidimos iniciar a produção dessas moléculas. Começamos com uma, a dexametasona (utilizada no tratamento de doentes oncológicos), que nesta altura está em testes e esperamos que em julho/agosto/setembro esteja concluído o processo analítico e o produto esteja disponível para ser utilizado nos doentes”, disse.

No caso da dexametasona, segundo Paulo Carinha, prevê-se que o Centro Hospitalar de S. João poupe “15 a 20 mil euros por ano”, fazendo “cálculos por baixo”.

O diretor do Serviço de Farmácia do S. João salienta que o objetivo “não é competir com laboratórios, nem quebrar patentes”, é apenas “aproveitar um nicho de mercado e produzir produtos que estão em fim de linha e que por falta de rentabilidade não estão a ser distribuídos no nosso país”.

Referiu que “o projeto será mais rentável se produzido em maior escala”, admitindo, por isso, que além do S. João, o medicamento possa ser disponibilizado a outras unidades que não têm capacidade de produção.

“Para essa escala semi-industrial, estamos a elaborar um caderno de encargos para alterar a área de produção de sólidos – pós, comprimidos e cápsulas – porque a existente é insuficiente”, sustentou.

Segundo disse à Lusa, está a ser analisada a construção de uma nova área, com três novos gabinetes, que implicará um investimento de “cerca de 100 mil euros”.

“O Infarmed está a colaborar connosco, definindo os requisitos técnicos das instalações e dos equipamentos, para podermos responder à produção deste tipo de medicamentos. Já contactamos empresas da área para que, face aos requisitos técnicos obrigatórios, nos elaborem propostas de forma que seja possível ter a nova ala pronta até final do ano”, disse.

Um outro cenário que está a ser equacionado é avançar com uma marca própria e, se a escala de produção for elevada, o Centro Hospitalar de S. João admite, mesmo, que “em vez de produzir em casa, solicite a uma empresa nacional que já produz medicamentos que produza aqueles lote. O custo/benefício está em cima da mesa”.

“Faremos tudo o que possamos fazer para satisfazer as necessidades terapêuticas dos doentes a um custo inferior ao que temos hoje”, frisou.