14 de julho de 2014 - 12h01
O Estado Português aprovou a comparticipação financeira de uma classe de medicamentos, os anticoagulantes orais, que são comercializados no mercado com diversos nomes comerciais, mas que, até à data, eram suportados na totalidade pelos doentes. 
"Este é um salto qualitativo para os portugueses que sofrem, entre outras doenças, de fibrilhação auricular, graças à possibilidade de acesso a esta evolução farmacológica", diz a Associação Bate, Bate Coração, em comunicado.
A partir de 1 de agosto, os novos anticoagulantes orais passam a ser comparticipados. Até agora os doentes com fibrilhação auricular, um tipo de arritmia cardíaca com risco elevado de AVC, tinham que pagar por inteiro estes medicamentos inovadores. 
A fibrilhação auricular é a perturbação do ritmo cardíaco crónica mais frequente e ocorre, sobretudo, em pessoas mais idosas. Esta arritmia faz com que se formem pequenos trombos que entram na circulação periférica e “viajam para o cérebro” provocando acidentes vasculares cerebrais (AVC). 
Estima-se que aproximadamente 6 milhões de pessoas na Europa sofram de fibrilhação auricular e é causa de um quinto dos acidentes vasculares cerebrais (AVC), a principal causa de morte em Portugal. 
A comparticipação destes medicamentos vem revolucionar a saúde pública em Portugal por diversas vias: os doentes tinham apenas acesso à comparticipação de um outro medicamento mais antigo, cuja substância é denominada varfarina. 
Esta última tinha uma ação farmacológica já ultrapassada, com muitas interações com a alimentação e outros medicamentos e sujeita a variações do metabolismo. 
Os tratamentos com varfarina implicam monitorização constante dos doentes, através de análises clínicas, facto que obriga a constantes consultas médicas, deslocações e gastos excessivos decorrentes desta rotina de vigilância contínua. 
Manuel Carrageta, presidente da Fundação Portuguesa de Cardiologia congratula-se pelo acesso que o Estado veio permitir a estes medicamentos inovadores, o que acaba por ter ganhos significativos para o Serviço Nacional de Saúde, uma vez que se reduz o número de consultas de doentes com fibrilhação auricular e o número de análises. 
“Para o doente, é também uma clara mais-valia, sobretudo porque não interferem com outros medicamentos dado que grande parte destes doentes tem várias patologias associadas por serem pessoas já com uma certa idade”, comenta. 
Por SAPO Saúde