O alargamento do projeto “STOP Infeção Hospitalar 2.0”, que visa reduzir a incidência de cinco tipos de infeção hospitalar em 50% em três anos, foi consolidado hoje, em Lisboa, numa cerimónia pública de assinatura da carta de compromisso pelos 22 hospitais aderentes.
A cerimónia contou com a presença, entre outros, da diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, do diretor do PPCIRA José Artur Paiva, e da secretária de Estado da Promoção da Saúde, Margarida Tavares.
Em declarações aos jornalistas no final da cerimónia, José Artur Paiva lembrou um estudo realizado em 2011-2012, segundo o qual Portugal era dos países europeus com mais alta taxa de prevalência de infeção hospitalar.
Ao longo destes 10 anos, os resultados têm vindo a melhorar progressivamente, através do programa prioritário que foi criado na Direção-Geral de Saúde, o PPCIRA, adiantou.
Sob a égide da Fundação Calouste Gulbenkian [FCG] e com a colaboração PPCIRA, houve um programa em 2015-2018 dirigido a quatro tipos de infeção hospitalar: pneumonia de cuidados intensivos, as infeções associadas a cateteres, infeções urinárias associadas a algálias e as infeções associadas a cirurgias.
“O nosso objetivo no primeiro programa era reduzir em 50% os quatro tipos de infeção”, o que foi alcançado na totalidade dos 12 hospitais aderentes em três infeções. Na infeção associada à cirurgia do cólon e do reto houve uma redução, mas não atingiu os 50%.
Segundo José Artur Paiva, o objetivo para este próximo triénio “é exatamente igual”, mas “é mais ambicioso” nos hospitais que já faziam parte do projeto, uma vez que têm de reduzir mais 50%.
O diretor do programa da DGS explicou que os “velhos hospitais”, que já têm experiência adquirida do programa anterior, vão ser facilitadores da introdução das medidas aos novos hospitais.
Salientou que o projeto traz modificações “à luz do que a ciência foi trazendo de novo”, destacando o relato dos resultados no imediato.
“O programa promove a educação dos profissionais, a participação dos doentes e das famílias na estratégia de prevenção e uma série de medidas comportamentais de que saliento uma muito importante que é o ‘feedback’ de resultados no dia-a-dia”, referiu.
O médico explicou que em vez de dar relatórios ao fim de três ou seis meses ou de ano a ano, a informação é dada cada vez que surge uma infeção, que é declarada ao prestador de cuidados e aos profissionais, criando-se um processo colaborativo.
De acordo com o especialista, a maioria destas infeções são tratadas, mas têm como “reflexo negativo” o aumento da demora média de internamento, que traz um acréscimo de custos e até alguma dificuldade de acesso aos novos doentes.
Apontou ainda outro problema “mais moderno e preocupante” que são as infeções causadas por bactérias resistentes, “difíceis de tratar”, que obrigam a usar antibióticos mais potentes que induzem resistências.
Portanto, vincou, “ao reduzir infeções, estamos a criar um ciclo virtuoso que reduz a demora média [de internamento], melhora o acesso à saúde, reduz a resistência aos antibióticos e reduz o consumo de antibióticos”.
A DGS e o Ministério da Saúde reconhecem a relevância deste projeto nos hospitais e partilham os propósitos plasmados no Plano Nacional de Segurança do Doente 2021 que considera a participação dos hospitais neste projeto, que conta com a parceria da FCG e o apoio técnico-científico do Institute for Health Improvement, “um indicador do Índice de Qualidade do PPCIRA e parte integrante do processo de contratualização das instituições prestadoras de saúde do SNS”.
Notícia atualizada às 15h51
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