"Em cada 100 pessoas, duas sofrem ou já sofreram de POC, o que representa um total de 100 milhões de pessoas. Esta doença é reconhecida atualmente como a quarta perturbação psicológica mais expressiva na sua prevalência a nível mundial e em Portugal, de acordo com um estudo epidemiológico nacional de saúde mental, essa taxa é de 4,4%", revela Júlia Machado, psicóloga do Hospital Lusíadas Porto.

"É um facto que as pessoas têm consciência que as suas obsessões e compulsões são irracionais ou excessivas mas não conseguem ter controlo sobre elas. Esta consciência cria, por vezes, o receio que os outros o considerem louco ou "maluco", por isso frequentemente as pessoas escondem os sintomas e evitam procurar ajuda, o que faz com que o estado da doença se possa agravar", acrescenta a especialista.

"Existem vários comportamentos que podem mostrar que estamos perante uma POC: preocupação excessiva com a limpeza, lavar as mãos a todo o momento, verificar diversas vezes portas, janelas ou gás antes de deitar, não utilizar determinadas cores de roupa, não passar em certos lugares com receio de que algo mau possa acontecer depois, não sair de casa em algumas datas, preocupação exagerada com a arrumação" explica Júlia Machado, reforçando ainda que "estes são exemplos de ações popularmente consideradas manias mas que, na realidade, são sintomas de uma perturbação".

"O tratamento da POC é feito através de psicofármacos e psicoterapia (terapia cognitivo-comportamental), capazes de reduzir os sintomas, melhorando a vida de mais de 80 por cento dos pacientes e, em alguns casos, eliminando completamente os sintomas. Infelizmente alguns pacientes não melhoram ou melhoram muito pouco devido à resistência ao tratamento", conclui.

A perturbação obsessivo-compulsiva, classicamente denominada por neurose obsessivo-compulsiva, é considerada uma doença mental grave e crónica, que faz parte das perturbações de ansiedade e que se manifesta pela presença de sintomas a que chamamos obsessões e/ou compulsões. Segundo a Organização Mundial de Saúde está entre as dez maiores causas de incapacitação e atinge preferencialmente indivíduos jovens ao final da adolescência e muitas vezes começa ainda na infância sendo raro o seu início depois dos 40 anos.