A maioria dos países com elevadas taxas de mortalidade infantil e materna deverá falhar os objetivos do milénio relativos à saúde de mães e filhos até 2015, conclui o primeiro relatório de um grupo independente de peritos da ONU.
O grupo salienta também que "há sinais de que os compromissos dos doadores e dos países estão a diminuir devido à crise", diminuição que "pode ter consequências devastadoras" para a sobrevivência de milhões de mulheres e crianças em todo o mundo.
Encarregado pelo secretário-geral das Nações Unidas de monitorizar a evolução dos indicadores relativos ao quarto e quinto objetivos de desenvolvimento do milénio (ODM) - reduzir a mortalidade infantil e melhorar a saúde das grávidas, respetivamente -, o Grupo independente de Peritos (iERG) foca-se nos 75 países onde ocorrem 98 por cento das mortes maternas, neonatais e infantis.
Apesar de reconhecer uma grande evolução nos indicadores, sublinhando que o número de crianças mortas antes dos cinco anos diminuiu de 11,6 milhões em 1990 para 7,2 em 2011, o grupo alerta que ainda há grandes preocupações.
Segundo as suas estimativas, apenas 13 dos 75 países está no bom caminho para atingir o objetivo número quatro - o Bangladesh, o Brasil, a China, o Egito, a Guatemala, a Libéria, Madagascar, Marrocos, Nepal, Peru, Tadjiquistão, Turquemenistão e Vietname - e apenas quatro deverão alcançar o objetivo número cinco: China, Egito, Marrocos e Peru.
Embora alguns países estejam a acelerar o seu progresso em direção aos objetivos - Afeganistão, Angola, Burundi, Camboja, Congo, Iraque, Coreia, Libéria, Madagáscar, Suazilândia, e Zambia estão a aproximar-se do objetivo quatro, por exemplo - outros estão a afastar-se, como o Azerbeijão, Botsuana, Burkina Faso, Haiti, Lesoto e Turquemenistão.
Para alcançar o objetivo número cinco, por exemplo, a taxa anual de declínio da mortalidade materna devia ser de 5,5 por cento, mas desde 1990 a queda a nível mundial foi de apenas 1,9 por cento, alertam os peritos.
Os peritos identificaram "muitas deficiências" no cumprimento dos compromissos com a saúde materna e infantil e, sublinham que "a energia e a retórica" em torno destes assuntos não são acompanhadas de resultados.
Apesar de terem sido assumidos 220 compromissos com a iniciativa do secretário-geral da ONU para a saúde infantil e materna, "Cada Mulher, Cada Criança", não foi ainda possível documentar com precisão o seu impacto, escrevem os analistas, que lamentam a falta de evidência credível por parte de doadores, agências e setor privado.
O relatório sublinha que a região com maiores taxas de mortalidade materna e infantil é a África Subsaariana e alerta que esta região tem de tornar-se uma maior prioridade global para todos os parceiros.
Os ODM foram estabelecidos num quadro global de desenvolvimento humano, operacionalizado através de oito objetivos principais a alcançar até 2015, tendo 1990 como ano base.
São eles: erradicar a pobreza extrema e a fome, atingir a educação básica de qualidade para todos, promover a igualdade entre os sexos e a capacidade da mulher, reduzir a mortalidade infantil, melhorar a saúde materna, combater o VIH/SIDA, a malária e outras doenças, garantir a sustentabilidade ambiental e estabelecer uma parceria global para o desenvolvimento.
27 de setembro de 2012
@Lusa
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