O Hospital do Senhor do Bonfim está praticamente às moscas apesar de haver um parecer da Administração de Saúde do Norte a garantir que o Estado pouparia mais de dois milhões de euros por ano se garantisse uma parceria com este privado.
É a maior unidade privada de saúde em Portugal, com mais de 550 camas, contando atualmente com cerca de 350 trabalhadores que se encontram com dois meses de salários em atraso, segundo o BE.
Aqui fazem-se cerca de 12 exames complementares de diagnóstico por dia, por vezes menos. O Hospital Senhor do Bonfim foi inaugurado pelo Governo de Pedro Passos Coelho no final de 2014. O complexo envolveu um investimento de 100 milhões de euros. Apesar desta unidade ter tecnologia de ponta em exames de diagnóstico, com aparelhos avaliados em mais de 7 milhões de euros, a mesma não chega às populações do norte do país.
Hospitais públicos da área degradados
A Póvoa de Varzim e Vila de Conde, dois concelhos do grande Porto, são servidas por um centro hospitalar composto por instalações antigas que, muitas vezes, não conseguem dar resposta às necessidades da população.
A administração do hospital procura dialogar com o Ministério da Saúde desde 2014, na tentativa de estabelecer protocolos, mas o silêncio da tutela mantém-se. "Um silêncio reprovável. Deveria haver diálogo entre as estruturas do Serviço Nacional de Saúde (SNS) e as pessoas responsáveis deste património privado", para "beneficiar os cidadãos", diz José Pavão, diretor clínico da unidade, em declarações à RTP.
O hospital geral, com 113 quartos duplos e 15 individuais, conta com 241 camas e sete salas de bloco operatório. Para se ter uma ideia da dimensão, o maior hospital privado do Norte (CUF Porto) conta com 150 camas e o grupo Trofa Saúde, que atua na mesma área de influência do Senhor do Bonfim, tem 404 camas nas suas quatro unidades.
O complexo hospitalar em causa acolhe oito edifícios autónomos e foi pensado para apostar nos segmentos da geriatria e psiquiatria e também nas áreas de "turismo de saúde". O projeto do Hospital Senhor do Bonfim é da responsabilidade do empresário Manuel Agonia e foi o único da área da saúde a ser declarado PIN- Potencial Interesse Nacional.
Promessas não cumpridas
O proprietário dos Hospitais Senhor do Bonfim, em funcionamento há quatro anos em Vila do Conde, afirma que não teria avançado com a construção do empreendimento sem as garantias que diz terem sido dadas pelas autoridades de saúde. Segundo Fernando Leal da Costa, secretário de Estado da Saúde no governo de Passos Coelho entre 2011 e 2015, não foram dadas mais garantias sobre convenções entre o SNS e os Hospitais Senhor do Bonfim (HSB) para além das que foram assinadas.
Porém, Manuel Agonia, proprietário e fundador do maior hospital privado do país, diz que seriam outras as garantias - nunca assinadas com o ministério e a Administração Regional de Saúde do Norte (ARSN) - que assegurariam o funcionamento das unidades. Porém, não terão sido cumpridas. Apesar de o fundador afirmar que o hospital vale 250 milhões de euros, anualmente as receitas da unidade não ultrapassam os três milhões de euros.
O hospital dá trabalho a 350 pessoas, mas parte vive esporadicamente com ordenados em atraso. As previsões antes da construção do empreendimento apontavam para a criação de 864 postos de trabalho e uma faturação anual de 44 milhões.
Comentários