O maior hospital privado do país está praticamente às moscas apesar de haver um parecer da Administração de Saúde do Norte a garantir que o Estado pouparia mais de dois milhões de euros por ano se garantisse uma parceria com este privado.

O Hospital Senhor do Bonfim foi inaugurado por Pedro Passos Coelho no final de 2014. O complexo envolveu um investimento de 100 milhões de euros. Apesar desta unidade ter tecnologia de ponta em exames de diagnóstico, não chega às populações do norte do país.

É a maior unidade privada de saúde em Portugal, com mais de 550 camas, contando atualmente com cerca de 350 trabalhadores que se encontram com dois meses de salários em atraso, segundo o BE.

O partido refere que “em reunião com os trabalhadores, a 15 de março, Manuel Agonia - membro histórico do PSD, candidato à Câmara da Póvoa do Varzim em 1993, e fundador desta unidade hospitalar - terá afirmado que não tem dinheiro para pagar os salários nem sabe quando irá ter”.

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“Esta situação é inaceitável e carece de intervenção urgente, designadamente por parte da Autoridade para as Condições do Trabalho”, defende o BE.

O Bloco questiona o Ministério da Solidariedade, Emprego e Segurança Social sobre se tem conhecimento desta situação e se se verificaram “falhas no dever de entrega dos descontos dos trabalhadores à Segurança Social e às Finanças”.

“A Autoridade para as Condições do Trabalho realizou anteriormente ações inspetivas no Hospital Senhor do Bonfim? Em caso de resposta afirmativa, qual o resultado dessas ações?”, questiona.

Que medidas vai o Governo encetar?

Considerando “a gravidade das denúncias”, o BE quer saber “que medidas pretende encetar o Governo com vista a instar a Autoridade para as Condições do Trabalho para a realização de uma ação inspetiva urgente no Hospital Senhor do Bonfim”.

Acrescenta que, na reunião de 15 de março com os trabalhadores, “Manuel Agonia terá responsabilizado o Estado pelo não pagamento de salários”, frisando que o projeto do Hospital do Bonfim “é uma iniciativa privada e deve ser tratada como tal”, já que o Serviço Nacional de Saúde (SNS) “não pode ser chamado a salvar projetos privados nem iniciativas megalómanas que se revelam ruinosas”.

Ao Ministério da Saúde, o BE pergunta se “existem protocolos entre o Serviço Nacional de Saúde e o Hospital Senhor do Bonfim”. Em caso de resposta afirmativa, questiona, “quais as áreas em causa? Quanto custaram ao erário público estes protocolos?”

“Que medidas estão a ser desenvolvidas pelo Estado para garantir o devido investimento no Centro Hospitalar de Vila do Conde – Póvoa de modo a que este possa assegurar os serviços necessários à população?” e “quando se prevê que sejam iniciadas as obras de requalificação do Centro Hospitalar de Vila do Conde-Póvoa?”, são outras questões que o BE quer ver esclarecidas.

A inauguração do Hospital Senhor do Bonfim, no final de 2014, contou com a presença do então primeiro-ministro Pedro Passos Coelho e do então ministro da Saúde, Paulo Macedo.