"Os líderes também lideram durante a incerteza. Não há dúvidas de que estamos todos a experienciar o impacto da COVID-19", afirma Bill Mezzanotte, vice-presidente da australiana CSL Behring. "Este esforço visa acelerar o desenvolvimento de uma opção terapêutica segura, escalável e sustentável para que os cuidadores possam tratar todos os doentes", disse ainda.

"Além de reunir os recursos da indústria, estaremos igualmente em sintonia com os esforços desenvolvidos por entidades académicas e Governo e atuaremos, sempre que possível, como uma Aliança única, inclusive no desenvolvimento de atividades importantes como os ensaios clínicos. Nestes tempos agitados, isto tornar-nos-á, e às partes envolvidas, mais eficientes", acrescenta.

Como funcionaria esta terapêutica no combate da doença?

O princípio da terapêutica com imunoglobulina Hiperimune policlonal é o princípio da imunização passiva, isto é, "pretende-se administrar ao doente um concentrado de imunoglobulinas obtido através de fracionamento de plasma de dadores que, por terem tido anteriormente infeção por SARS-CoV-2, têm já anticorpos contra este vírus", explica a médica Susana Lopes da Silva, especialista em Imunoalergologia.

"A administração deste concentrado de imunoglobulinas ajudaria a combater a infeção, reforçando, e eventualmente antecipando a capacidade de resposta do doente, sobretudo em casos de complicações graves e/ou naqueles em que haja limitação na produção de anticorpos pelo próprio doente", exemplificou.

É preciso uma atuação reforçada

"Este panorama sem precedentes exige uma atuação reforçada", considera Julie Kim, presidente da Unidade de Negócio de Terapêuticas Derivadas do Plasma da japonesa Takeda.

"Concordamos coletivamente que ao colaborar e unir os recursos da indústria podemos acelerar o lançamento no mercado de uma terapêutica potencial [contra a COVID-19], bem como aumentar o potencial da sua distribuição. Convidamos outras empresas e instituições ligadas ao plasma para se juntar a nós e apoiar esta Aliança", explica.

Esta colaboração irá capitalizar a experiência e o trabalho que estas empresas já têm em curso, sendo que os especialistas que integram a aliança vão colaborar em aspetos tão importantes como a recolha de plasma, desenvolvimento de ensaios clínicos e fabrico.

O desenvolvimento de uma terapêutica hiperimune exigirá a doação de plasma de muitos indivíduos que já tenham recuperado totalmente da COVID-19 e cujo sangue contenha anticorpos capazes de combater o novo coronavírus, explica a aliança em comunicado. Uma vez coletado, o plasma "convalescente" é transportado para as instalações de fabrico destas empresas, nas quais é submetido a processos patenteados – entre os quais processos eficazes de inativação e eliminação de vírus – para purificação do produto.