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Novo equipamento permite encontrar tumores muito pequenos, evitando abordagens invasivas
26 de março de 2013 - 14h46
O Núcleo Regional do Centro da Liga Portuguesa Contra o Cancro (LPCC-NRC) inaugura, na quinta-feira, a primeira Unidade Móvel de Mamografia em Sistema de Imagem Digital Direta, no Centro de Saúde Dr. Arnaldo Sampaio, em Leiria.
Este novo equipamento dá um passo importante na deteção precoce do cancro da mama, uma vez que se trata de um meio de resposta de "última geração", disse o membro da direção da LPCC-NRC e professor da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra Vítor Rodrigues.
Desta forma, poder-se-á descobrir tumores muito pequenos, "muitas vezes não palpáveis", permitindo "tratamentos menos invasivos e menos traumatizantes".
Segundo o docente, trata-se de um "mamógrafo que evoluiu desde o sistema analógico, para o sistema digital indireto e que culminou agora no sistema com o recurso à imagem digital direta, com nova tecnologia", que exibe "menor radiação para a mulher".
Além disso, "consegue visualizar lesões quase incipientes", detetando lesões, assim, "o mais precocemente possível".
Vítor Rodrigues informou que a LPCC tem procurado acompanhar a evolução da tecnologia, de forma a alcançar "os melhores resultados em termos de rastreio".
O sucesso tem sido obtido, como comprova o decréscimo da taxa de mortalidade nas mulheres. "Através de um processo de qualidade e eficiência ganhamos anos de vida", sublinhou o elemento da LPCC-NRC.
Este novo meio corresponde a um investimento da LPCC superior a 250 mil euros, cofinanciado pela Direção-Geral da Saúde. "É uma forma de retribuir à população o dinheiro que nos oferece nos peditórios. Colocamos ao seu serviço a tecnologia que merece".
Segundo revelou Vítor Rodrigues, na zona Centro, 80 em cada 100 mil mulheres descobre que tem cancro da mama, sendo detetados entre 1.300 a 1.500 novos casos por ano.
Em Portugal, com uma população feminina de cerca de 5,5 milhões, surgem 4.500 novos casos de cancro da mama por ano, ou seja, 12 novos casos por dia, morrendo quatro mulheres por dia com esta doença.
"Ainda é a principal causa de morte por cancro nas mulheres", disse Vítor Rodrigues, acreditando que a tendência será para ser ultrapassado pelo cancro cólon-retal. "Estamos a conseguir vencer a batalha, embora seja impossível vencer a guerra".
O Programa de Rastreio de Cancro da Mama do núcleo do Centro é desenvolvido em estreita colaboração com os Cuidados de Saúde Primários e cobre atualmente os 77 concelhos da região Centro.
As unidades móveis circulam por toda a região de dois em dois anos. "Trata-se de uma atividade de medicina preventiva". Por isso, são enviadas cartas a todas as mulheres inscritas nos centros de saúde em idade rastreável - 45 aos 69 anos -, convidando-as a realizarem uma mamografia gratuita. "São efetuadas mais de 150 mil convocatórias por ano".
Os exames são posteriormente enviados para centros de leitura, onde serão avaliados por dois radiologistas. "Eles dão o seu parecer, desconhecendo o relatório elaborado pelo colega, conferindo um grau de fiabilidade elevado".
Em cada mil exames são detetados 0,5% de resultados "duvidosos", cujos utentes são enviados de imediato para o hospital. Destes casos, 0,2% a 0,4% possuem uma lesão maligna.
"Na esmagadora maioria trata-se de doenças localizadas, que permitem ser controladas através de cirurgia ou outras técnicas. Não se pode falar em cura, mas em controlo de doença por muitos e muitos anos", acrescentou.
Lusa
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