O cancro do testículo é, felizmente, uma doença rara, com 74,458 novos casos a nível mundial em 2020. Embora pouco prevalente, é o tumor mais comum em indivíduos do sexo masculino com idades compreendidas entre os 15 e 34 anos.  São fatores de risco para o seu aparecimento a existência de familiar em primeiro grau com cancro do testículo, assim como a presença de testículos não descidos, malformações da uretra e alterações da fertilidade.

Como é detetado? 

Tipicamente os homens detetam uma lesão dura no testículo. É este achado que motiva a ida ao médico. No entanto, noutros casos o cancro do testículo pode manifestar-se com dor testicular, e, em casos raros, através do aumento do volume da glândula mamária. Atualmente é também comum o cancro do testículo ser detetado em ecografias realizadas por outros motivos clínicos. A grande maioria dos doentes apresenta apenas doença localizada ao testículo, mas esta é uma doença com potencial de metastização significativo.  Assim, em caso de suspeita clínica e imagiológica de cancro do testículo é mandatória a pesquisa de doença disseminada com a realização de tomografia computorizada (TC) torácica, abdominal e pélvica, assim como a avaliação de marcadores tumorais no sangue.   

Todos os jovens com dor testicular, zonas duras no testículo (detetadas no auto-exame), ou aumento do volume testicular, devem recorrer a auxílio médico. 

Como se trata?

O tratamento consiste na remoção cirúrgica do testículo com lesão. Em casos de doença disseminada, os doentes são tratados preferencialmente com quimioterapia. Felizmente, mesmo em estádio avançados da doença,  os tumores do testículo têm elevadas taxas de cura, com sobrevida aos 5 anos de cerca de 95% nos grupos de bom prognóstico. 

Qual a importância da vigilância?

Não existem rastreios de base populacional para o cancro do testículo. No entanto, e pela sua elevada prevalência em indivíduos jovens é recomendada a auto-palpação testicular frequente e uma vigilância médica regular. 

Um artigo do médico Ricardo Leão, coordenador de Urologia no Hospital CUF Coimbra e Urologista no Hospital CUF Tejo. Ricardo Leão é ainda Professor na Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra e membro do Painel de Guidelines para o Cancro do Testículo da Associação Europeia de Urologia.