Já passava das 10:00 quando Francisco, 21 anos, chegou à urgência do Hospital de São José, transportado pelo INEM, com uma fratura exposta numa das pernas. Depois de uma primeira triagem feita no local, os médicos à entrada confirmaram a pulseira vermelha e a maca foi rapidamente levada para uma das quatros salas, onde o jovem seria avaliado.
Antes de Francisco, tinham dado já entrada no hospital cerca de uma dezena de feridos, a maioria em estado grave, na sequência de um acidente que envolveu um autocarro de peregrinos e outras duas viaturas e que, no total, provocou 22 feridos.
Nas quatro salas de urgência que recebiam os doentes em estado grave, as macas iam entrando e saindo. Nunca ficavam durante muito tempo, apenas o suficiente para a equipa fazer a avaliação e determinar para onde seguiriam a seguir, alguns diretamente para o bloco operatório, outros para realizar exames.
Na realidade, não existiu qualquer acidente, as 'vítimas' eram voluntários da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) e os ferimentos tinham sido criados pouco tempo antes com recurso a maquilhagem, mas tudo se desenrolou de forma tão real quanto possível para ensaiar a resposta do Centro Hospitalar Lisboa Central (CHLC) para o evento que arranca em três semanas.
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“O cenário foi desenhado para envolver um conjunto de tipologias muito vasto, que envolvem a colaboração das várias especialidades existentes no centro hospitalar”, explicou à Lusa o diretor da Urgência Geral Polivalente e Cuidados Intensivos.
O objetivo era testar a capacidade de reposta do maior número possível de serviços e especialidades que possam ter de ser chamados a intervir numa ocorrência semelhante, incluindo serviço de sangue, bloco operatório, e até pediatria e obstetrícia (uma das vítimas era uma grávida e havia algumas crianças).
“Houve um envolvimento muito importante para atestar as comunicações do INEM”, acrescentou Francisco Lucas Matos, explicando que o simulacro “foi ativado pelas primeiras chamadas feitas pelo CODU (Centro de Orientação de Doentes Urgentes) e confirmadas pelo SIRESP (Sistema Integrado de Redes de Emergência e Segurança de Portugal)” que “funcionou muito bem”.
O simulacro prolongou-se durante a manhã, sem interromper o normal funcionamento das urgências do hospital. A resposta a cenário real semelhante implicaria, no entanto, vários dias. “Alguns ficariam nos cuidados intensivos durante semanas”, disse o diretor da Urgência.
“Esperamos que não aconteça, mas temos que estar preparados para que possa acontecer”, sublinhou Francisco Lucas Matos, assegurando que o São José “tem obrigação de dar resposta”.
O exercício realizado hoje foi desenhado, especificamente, para preparar a JMJ, que vai decorrer em Lisboa, entre 01 e 06 de agosto, mas é uma prática habitual do CHLC, onde todos os anos são feitas simulações para testar a capacidade de resposta.
“Há sempre pequenas falhas e por isso é que há simulacros, mas podemos corrigi-las a tempo”, disse a presidente do Conselho de Administração, Rosa Valente de Matos, que, num primeiro balanço antes de reunir com o gabinete de crise, considerou que “tudo correu dentro do previsto”.
O plano do Ministério da Saúde para a JMJ prevê a mobilização de 75 postos fixos e 75 equipas móveis de suporte básico de vida, além de 10 postos médicos avançados do INEM, e os principais hospitais terão planos de contingência para eventuais situações de exceção.
Os planos de contingência para catástrofe dos centros hospitalares de Lisboa Norte, Lisboa Central, Lisboa Ocidental, de Coimbra, de Santo António e de São João também foram revistos e serão operacionalizados a partir da última semana de julho.
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