“Estamos parados em termos de contratação, o que começa a causar algumas situações muito, muito, muito complicadas que se tentam resolver com solicitações e justificações específicas aos gabinetes ministeriais, na esperança de que as coisas venham a melhorar a curto prazo”, disse Francisco Ramos, em entrevista à agência Lusa.

Entre as situações mais graves, o administrador deste IPO refere a saída de 15 enfermeiros desde o início do ano, sem que tenha sido desbloqueada a sua substituição, centralizada nos ministérios da Saúde e das Finanças.

Estes são os sintomas de cancro mais ignorados pelos portugueses
Estes são os sintomas de cancro mais ignorados pelos portugueses
Ver artigo

“Espero que as coisas melhorem rapidamente. Esta altura é a mais angustiante”, adiantou, recordando que as dificuldades não são de hoje, mas que se agudizaram desde a entrada em vigor do Orçamento do Estado para este ano.

Se a situação até final do ano passado era de “ausência de autonomia”, na prática as contratações iam chegando. “No fundo, a máquina já estava oleada e funcionava e as autorizações lá iam chegando de forma mais ou menos rápida”. “Em 2018, desde a entrada do Orçamento do Estado, essa máquina foi desativada e não foi substituída por coisa nenhuma e, portanto, estamos parados em termos de contratação”, adiantou.

Não está a ser possível substituir enfermeiros que saem

No caso dos enfermeiros que saíram desde o início do ano, um número que Francisco Ramos reconhece ser “um pouco mais alto que o habitual”, o que deveria acontecer é a sua substituição, “o que não está a ser possível”.

“A minha esperança é que isto volte a ser possível quando sair o famoso decreto lei de execução orçamental e volte a ser instituído o mecanismo burocrático para que isto volte a funcionar”, referiu.

Para Francisco Ramos, “a angústia maior é não conseguir resolver uma situação pontual e ficar preso nesta imensa teia burocrática que nos últimos três meses não dá saída a coisa nenhuma”.

O administrador, que está prestes a iniciar o terceiro mandato à frente deste IPO, sublinha “a facilidade com que se consegue gastar centenas de milhares de euros com um determinado medicamento – o recorde vai em meio milhão de euros num medicamento para um doente durante um ano – e a dificuldade que é gastar 10 mil euros a contratar um assistente operacional que é indispensável para ter a funcionar os cuidados intensivos, o bloco operatório e a unidade de transplantes.

“Isto custa muito a perceber para quem está à frente de um hospital público”, disse.