Em declarações à Lusa, a investigadora líder do projeto, Mónica Sousa, afirmou hoje que o rato africano ‘Acomys cahirinus’ é o “único animal vertebrado adulto que consegue regenerar a sua função motora após uma lesão medular”.

O trabalho, desenvolvido há cerca de três anos em colaboração com investigadores do Centro de Investigação Biomédica da Universidade do Algarve, poderá ser “uma mais-valia para a investigação”, uma vez que o rato africano é “um modelo animal muito próximo dos humanos”.

“O objetivo agora é usar o conhecimento adquirido com este mamífero e adaptá-lo ao homem oferecendo novas oportunidades terapêuticas a pacientes humanos com lesão medular”, afirmou Mónica Sousa.

Para que tal seja possível, os investigadores vão tentar perceber os mecanismos e moléculas que estão na origem desta recuperação e fazer testes em ratos “normais”, modificando o ambiente.

Este projeto, que já tinha sido distinguido no final de 2019 pela Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, com o Prémio Melo e Castro, no valor de 200 mil euros, foi agora premiado pela fundação internacional Wings for Life.

“Vamos receber agora 86 mil euros com possibilidade de mais 100 mil euros após avaliação no segundo ano”, afirmou a investigadora, acrescentando que este apoio vai permitir “o financiamento de outras áreas que não estavam contempladas”, tais como reforçar recursos humanos e fazer alterações nos biotérios da Universidade do Algarve e do i3S.

A fundação Wings for Life tem como objetivo “encontrar uma cura” para a lesão medular e, nesse sentido, promove anualmente uma corrida em todo o mundo, a ‘Wings for Life Run’, onde a verba angariada financia ensaios clínicos e investigação pré-clínica em todo o mundo.