24 de outubro de 2013 - 10h53
 Investigadores da Universidade de São Paulo (USP) revelaram, na quarta-feira, terem desenvolvido um método, ainda em fase experimental, que usa nanopartículas para fazer um diagnóstico mais rápido da leucemia.
Em declarações à imprensa brasileira, Valtencir Zucolotto, do grupo de Nanomedicina e Nanotoxicologia da USP, realçou que "um dos principais obstáculos no atendimento de saúde no Brasil é o diagnóstico", pelo que com "estratégias para que seja mais rápido e mais barato" podem-se salvar muitas vidas.
A leucemia é o cancro mais difícil de localizar, uma vez que não se forma um tumor sólido, mas as células cancerígenas ficam em circulação, pelo que o processo de deteção é mais longo e implica uma série de componentes nos laboratórios, as quais representam elevados custos.
Segundo Valtencir Zucolotto, o método desenvolvido na maior universidade pública do país poderia ser uma alternativa para um diagnóstico rápido em pacientes com sintomas da doença, "uma primeira abordagem para ver se há necessidade de fazer exames mais completos".
Durante a investigação, os cientistas aproveitaram a produção excessiva de açúcares, caraterística das células cancerígenas e a partir daí isolaram uma proteína, a jacalina (extraída da jaca, um fruto), que é fortemente atraída por esses açúcares, a qual foi revestida numa nanopartícula, uma bola de ouro mil vezes inferior ao tamanho da célula cancerígena.
Depois, a proteína foi colocada numa amostra de sangue do paciente afetado durante três horas, enxaguada e centrifugada e finalmente analisada.
Segundo os investigadores, as células cancerígenas são "identificadas facilmente", dado que passam a ter uma coloração "fluorescente", ao contrário das saudáveis que não sofrem alterações a esse nível.
Apesar de a investigação poder significar um grande avanço na luta contra a leucemia, o trabalho ainda está no laboratório e os investigadores procuram apoio para transformá-lo "numa opção real de diagnóstico", informou a imprensa local.
Face a essa situação, Fernando Augusto Soares, diretor de Anatomia Patológica do A.C. Camargo Cancer Center, considerou que o estudo está num caminho "muito promissor", mas "ainda parece longe de aplicação".

Lusa