27 de fevereiro de 2014 - 12h37
A Inspeção-Geral das Actividades em Saúde (IGAS) vai abrir um processo de investigação ao caso do doente operado no Hospital das Caldas da Rainha e que foi depois recusado por quatro unidades hospitalares por falta de camas.
O Diário de Notícias desta quinta-feira dá conta do caso de um doente do Hospital das Caldas, com suspeita de um cancro raro, que foi operado ao intestino e contraiu uma infeção, tendo necessidade de ser transferido com urgência para um hospital com unidade de cuidados intensivos. Os hospitais de Santa Maria, em Lisboa, Loures, Santarém e Leiria recusaram-se a receber o doente por falta de camas.
O doente acabou, quatro horas depois, no Hospital de Abrantes, onde esteve semana e meia internado e foi operado mais duas vezes, tendo morrido na segunda-feira. Segundo o mesmo jornal, a família pondera apresentar queixa e questiona a prática do cirurgião que assistiu o doente na primeira operação. 
Fonte do gabinete do ministro da Saúde disse à Lusa que a IGAS vai avançar com um processo de investigação sobre este caso.
Também o Centro Hospitalar do Oeste (a que pertence o Hospital das Caldas da Rainha) vai abrir um processo de averiguação e o Centro Hospitalar do Médio Tejo (Hospital de Abrantes) pondera avançar também com uma investigação, segundo a mesma fonte.
O caso acontece um mês depois de um outro que a IGAS está a acompanhar e que diz respeito a um jovem que teve um acidente de viação e que após ser admitido no Hospital Distrital de Chaves precisou de ser transferido para outra unidade com cuidados intensivos de neurocirurgia. O doente acabou por só encontrar vaga no Hospital de Santa Maria, em Lisboa, depois de ter sido recusado em vários hospitais do norte e centro do país.
A questão do número de camas nos hospitais e a sua redução nos últimos anos tem gerado polémica. Portugal tinha em 2012 uma média de 3,3 camas por cada mil habitantes quando na OCDE esse número sobe para 4,9; na Alemanha ultrapassa os oito; e o recomendado pela Organização Mundial de Saúde é 4,5. No espaço de quatro anos, o país perdeu mais de 1600 camas, e não se sabe quantas destas são de cuidados intensivos.
SAPO Saúde com Lusa