Segundo os dados oficiais do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) fornecidos à agência Lusa, nos primeiros quatro meses de 2019 a média de chamadas diárias continua a manter-se acima das 50, num total de 6.844 chamadas até 30 de abril, uma média mensal de 1.700 atendimentos.
O Centro de Apoio Psicológico e Intervenção em Crise do INEM, criado em 2004, tem como objetivo atender a necessidades psicossociais, sendo composto atualmente por uma equipa de 17 psicólogos que trabalham em regime de 24 horas no CODU - Centro de Orientação de Doentes Urgentes e também fazem deslocações de rua, em viaturas de intervenção psicológicas de emergência (como uma ambulância).
Em 2017, os psicólogos atenderem quase 16 mil chamadas, valor que aumentou para 20.951 em 2018. Comparando, por exemplo, com os valores de há cinco anos, os números mais do que duplicaram em relação a 2013.
Sara Rosado, psicóloga do INEM, entende que o aumento do número de intervenções do Centro de Apoio Psicológico é justificado tanto pelo ligeiro acréscimo de profissionais como pelo crescimento das solicitações e dos casos em que são necessários.
“Por um lado, há aumento de necessidade, por outro aumento de capacidade de resposta. Gradualmente fomos aumentando o número de recursos humanos e, à medida que fomos fazendo mais, criou-se também a necessidade de ir fazendo ainda mais”, afirmou em declarações à Lusa.
Contudo, 17 psicólogos a nível nacional é ainda “um número claramente insuficiente”, que os profissionais esperam ver aumentar em breve.
“Há necessidade de crescer mais. Ainda não conseguimos cobertura 24 horas em todos os locais do país ao nível das unidades móveis de intervenção psicológica em emergência (UMIPE). No CODU há resposta 24 horas, mas em termos de UMIPE nem todas as regiões têm sempre cobertura de 24 horas”, adiantou Sara Rosado.
Os psicólogos do INEM – que trabalham 24 horas por dia - recebem os casos encaminhados pelos colegas do CODU, quando as chamadas que chegam pelo 112 requerem intervenção ou apoio psicológico, após a triagem que é feita.
Neste âmbito, e pelo contacto telefónico, a maioria das intervenções dos psicólogos respeita a situações de ansiedade ou crise psicológica ou casos de comportamento suicidário.
“Tem havido muitas chamadas que envolvem sintomatologia depressiva associada a comportamentos suicidários”, descreve Sara Rosado, recordando que o Centro de Apoio Psicológico também intervém em situações de violência doméstica, se for necessário estabilizar, orientar ou referenciar a situação para outras atividades.
Já nas situações de rua, em que é acionada a Unidade Móvel de Intervenção (UMIPE), a maioria das saídas dos psicólogos relaciona-se com casos de morte inesperada, como homicídios, suicídios ou situações com múltiplas vítimas.
No âmbito das UMIPE, os profissionais dão assistência a vítimas de acidentes ou familiares, apoiam nos processos de luto por morte inesperada ou traumática e também acorrem a situações de risco iminente de suicídio ou intervêm com vítimas de abuso ou violação sexual.
No ano passado, as unidades móveis registaram 757 saídas, mas a psicóloga Sara Rosado lembra que em cada deslocação há “uma multiplicidade de intervenções”.
Aliás, segundo os dados oficiais, das 757 saídas registadas em 2018 os psicólogos fizeram intervenção em 2.285 pessoas. Nos primeiros quatro meses deste ano, as UMIPE já foram acionadas 222 vezes.
Acresce ainda os contactos posteriores que são necessários após cada intervenção, os ‘follow-up’ que dão continuidade ao trabalho que é feito na rua ou no âmbito do CODU, nota Sara Rosado em declarações à Lusa.
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