O cirurgião Manuel Rosete explicou à agência Lusa que o ERAS consiste num programa clínico de intervenção multidisciplinar, que procura mecanizar a recuperação pós-operatória, com o objetivo de proporcionar uma melhor e mais rápida recuperação.

No âmbito do programa, o CHUC já realizou mais de 1.000 cirurgias e implementou uma solução digital, que envolveu até à data mais de 250 doentes submetidos a cirurgia colorretal, que visou reduzir os reinternamentos e antecipar a identificação de complicações.

“Existe um conjunto de procedimentos estandardizados e validados internacionalmente para o período antes, durante e pós-cirurgia, que provaram ter um impacto positivo na redução das complicações pós-operatórias, estabelecendo uma recuperação muito mais rápida que se traduz em menos dias de internamento, menos reinternamentos, melhor qualidade de vida para os doentes e menores custos para o hospital”, sublinhou Manuel Rosete.

Após a alta médica, os doentes continuam a ser monitorizados à distância, mas em vez de um processo manual e demorado (chamadas telefónicas), o CHUC dispõe de um software de automação de jornadas clínicas para o fazer, desenvolvido por uma empresa tecnológica (UpHill) externa à unidade hospitalar.

A solução envia automaticamente questionários clinicamente validados aos doentes, interpreta as suas respostas de forma inteligente, sinaliza aqueles que podem vir a desenvolver complicações e alerta as equipas clínicas.

Antes da implementação daquela ferramenta digital, o período de internamento era, em média, de sete dias, e agora é de cinco dias, com a perspetiva de, em 2024, baixar para os quatro dias.

“Este programa leva a que tenhamos um acompanhamento muito mais próximo e o doente esteja muito mais seguro, porque nota e sente que está a ser acompanhado por uma equipa multidisciplinar”, salientou o cirurgião Manuel Rosete, que integra a equipa de coordenação.

Por outro lado, acrescentou, os médicos e o serviço hospitalar também ganham mais segurança e confiança, porque conseguem ter uma maior noção de que as coisas estão realmente a correr bem longe do hospital.

“Tivemos uma poupança muito grande a nível de internamento para o próprio hospital, de custos ligados aos doentes e leva a que conseguimos operar ainda mais doentes e melhor ano após ano”, frisou.