21 de janeiro de 2013 - 11h06
O hepatologista Fernando Ramalho acusou esta quinta-feira o Governo de não estar interessado em proteger a saúde dos portugueses ao propor uma lei do álcool que permite que com 16 anos se continue a beber cerveja e vinho.
“Eu sou frontalmente contra isso. É o diploma mais ridículo que já vi. O álcool é todo igual, seja vinho, cerveja ou outra coisa”, indignou-se o responsável da unidade de hepatologia do Hospital de Santa Maria, em Lisboa.
As declarações do médico surgem a propósito do diploma que hoje será discutido em Conselho de Ministros e que prevê a proibição de venda e consumo de bebidas espirituosas a jovens até aos 18 anos, mas mantém nos 16 anos a idade limite para o vinho e a cerveja, segundo fonte governamental.

Fernando Ramalho lamentou que “os interesses das empresas que vendem álcool se sobreponham ao interesse da saúde dos portugueses”.
O especialista defende que antes dos 18 anos devia ser proibido o consumo de todas as bebidas alcoólicas, lembrando que é assim que acontece nos “países civilizados”. A par desta proibição, advoga uma fiscalização intensa e medidas de educação dirigidas para os mais novos.
Na Europa ainda há países que permitem o consumo de algumas bebidas aos 16 anos, como o Reino Unido e a Bélgica, mas em Espanha, França, Irlanda ou Finlândia já se impõe os 18 anos como limite mínimo de consumo de qualquer bebida alcoólica.
Frisando que o álcool “é todo igual”, independentemente de ser cerveja, vinho ou vodka, o hepatologista de Santa Maria e professor na Faculdade de Medicina de Lisboa lastima que haja políticos que “continuam interessados em patrocinar algumas empresas de bebidas”, escusando-se a ouvir a opinião “de quem está no terreno”.
Fernando Ramalho diz que o impacto do álcool na saúde dos mais jovens é significativo é que há “situações graves” registadas no país.
O secretário de Estado Adjunto e da Saúde, Fernando Leal da Costa, anunciou diversas vezes que a nova legislação iria aumentar a idade legal para consumo e aquisição de álcool para os 18 anos.
Lusa