Em março do ano passado, o secretário de Estado Adjunto e da Saúde, Fernando Araújo comprometeu-se, em declarações a jornalistas, que o rastreio de base populacional iria arrancar em 2016, o que um anos depois ainda não aconteceu, disse Vítor Neves.

Depois disso, foi publicado um despacho que determinava que as Administrações Regionais de Saúde (ARS) deveriam desenvolver iniciativas que visassem melhorar a taxa de adesão aos rastreios, garantir a sustentabilidade da sua execução, bem como informar os cidadãos da importância dos mesmos para a deteção precoce da doença.

Mas o que apenas foi anunciado em 16 de dezembro de 2016 “foi o lançamento de mais um rastreio piloto do cancro colorretal”, abrangendo 3.000 pessoas, com idades entre os 50 e os 75 anos, em alguns centros de saúde das regiões de Valongo, Maia, Póvoa de Varzim e Vila do Conde, comentou o presidente da Europacolon Portugal.

O que a Europacolon entende é que “já há tanta experiência nesta área do rastreio do cancro colorretal em toda a Europa que achamos que é obsoleto estarmos outra vez a fazer rastreios piloto, adiando um problema que tem uma mortalidade de 11 pessoas por dia”, sublinhou.

Vítor Neves criticou também o facto de o projeto-piloto estar a ser aplicado no norte do país, quando o cancro do cólon apresenta maior incidência nas regiões de Lisboa, Vale do Tejo, Alentejo e Algarve, segundo dados do Registo Oncológico Regional Sul.

“Aquilo que é necessário fazer é o que se faz com o cancro da mama em Portugal, com muito êxito, que é um rastreio de base populacional a todas as pessoas dos 50 aos 74 anos e que se enquadrem nas condições para serem rastreáveis”, defendeu Vitor Neves, lembrando que a associação clama por esta medida há 10 anos.

4 mil mortes por ano

O cancro do intestino é a doença oncológica com maior incidência em Portugal, com cerca de 7.900 casos todos os anos, “com tendência crescente", e 4.000 mortes por ano. Segundo Vítor Neves, muitas destas vidas podiam ser salvas. “Como é um tumor que demora seis a oito anos a crescer pode ser encontrado cedo, tratado e a maior parte das vezes até curado”.

“Se fizermos o rastreio não só poupamos vidas, como milhões de euros que estas mesmas pessoas vão gastar quando que lhes é detetado um tumor num estadio mais avançado”, sustentou. Apelou ainda às pessoas que aos 50 anos procurem o médico de família ou a Europacolon para saberem onde podem realizar o exame.

A este propósito lembrou que, até ao final de abril, as pessoas com mais de 50 anos podem fazer o rastreio colorretal gratuito nas 176 farmácias Holon espalhadas pelo país.

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