11 de julho de 2014 - 16h30
 A Urgência do Hospital S. Sebastião, na Feira, está com falta de pessoal e os diretores de outros serviços têm sido chamados para assegurar o atendimento ao público, confirmaram hoje dois médicos nessas condições.
É o caso do diretor do Serviço de Ortopedia, António Miranda, e do responsável máximo do Serviço de Cirurgia, Mário Nora, que, quando contactados pela Lusa, atestaram ter estado a trabalhar na Urgência durante o fim de semana, inclusive durante a madrugada.
"Confirmo essa informação", declarou António Miranda, remetendo outros comentários para a direção do hospital. "Perante a situação que se colocou de falta de pessoal, apresentámo-nos como voluntários porque não se conseguiria resolver a questão de outra forma", acrescentou Mário Nora.
Um terceiro clínico do Hospital S. Sebastião, que pediu para não ser identificado, explica que "não é normal chegar-se a um ponto em que não há mais nenhum médico disponível para assegurar a Urgência".
"Se é preciso recorrer-se a diretores de serviço quando esses já têm tanto trabalho com o que é da sua responsabilidade exclusiva, qualquer coisa está a funcionar mal", observa.
Na origem da questão estará o facto de a Urgência do S. Sebastião dispor de um quadro de pessoal próprio que envolve sobretudo médicos indiferenciados e os chamados "tarefeiros".
As consequências refletem-se no mapa de pessoal: enquanto noutras valências o plano com o respetivo horário mensal se completa de uma vez só, na Urgência chega-se a meados de julho e a escala do mês ainda tem dias de fim de semana por preencher.
Mário Nora assegura que isso não acontece nos serviços do S. Sebastião que não estão dependentes dos médicos apresentados por empresas. "No meu serviço [de Cirurgia], por exemplo, quem faz a escala sou eu", revela. "Se houver algum problema de falta de pessoal, eu tenho que o resolver seja como for e é sobre mim que recai a responsabilidade", afirma.
Se o quadro de médicos para a Urgência continuar a revelar-se insuficiente, os diretores dos restantes serviços do hospital poderão ser requisitados novamente para remediar a situação. "Mas os computadores nem sequer estão prontos para isso", realça o clínico não identificado.
"Como estes médicos não estão afetos à Urgência, não têm perfil no sistema informático", esclarece. "Se precisarem de passar um exame a alguém, têm que abrir no computador o perfil de outro colega e emiti-lo no nome dele", explica
A Lusa questionou a direção do Hospital S. Sebastião a propósito deste assunto. Ao pedido de esclarecimento solicitado, foi respondido que "o conselho de administração não tem qualquer comentário a fazer sobre o mesmo".
Por Lusa