Dados divulgados à agência Lusa pela coordenadora do projeto “Champ4Life”, Analiza Silva, indicam que, em Portugal, aproximadamente 50% dos atletas de alto rendimento retirados da carreira desportiva apresentam peso excessivo ou obesidade e cerca de 30% são inativos, números que considerou “preocupantes”.

“Os atletas de alto rendimento tiveram apoio em toda a sua carreira, mas reparamos que é um grupo negligenciado quando se retiram da carreira desportiva”, disse a investigadora.

Na fase pós-carreira, o que se observa é que “muitos atletas ganham peso” e muitos passam a ser inativos, o que aumenta o risco de desenvolver hipertensão, dislipidemia, marcadores inflamatórios e outros fatores de risco de doença cardiovascular.

“Dadas as circunstâncias e visto que até à data não foi providenciado nenhum suporte para criar oportunidades para um estilo de vida mais saudável, após o final da carreira desportiva”, os investigadores Analiza Silva, Paulo Martins, e Cláudia Minderico decidiram criar este projeto.

O objetivo do programa é “melhorar a saúde e o bem-estar do atleta no pós-carreira, através da alteração do estilo de vida”, explicou a investigadora.

Com a duração de três meses, o programa prevê uma consulta de nutrição com acompanhamento e 12 sessões educacionais sobre vários temas, como dicas para uma alimentação saudável, a melhor atividade física para gerir o peso ou como manter o peso perdido.

Serão ainda disponibilizadas ferramentas para auxiliar os ex-atletas a criar estratégias para aumentar a atividade física, reduzir o comportamento sedentário, melhorar os padrões e as escolhas alimentares e a gestão do peso.

No laboratório da FHM da Universidade de Lisboa serão ainda realizadas várias avaliações para analisar a gordura corporal dos participantes, as calorias gastas em repouso, a aptidão física, análises clínicas, entre outros indicadores de saúde.

Neste momento, o projeto está em fase de recrutamento, sendo o objetivo reunir 80 ex-atletas de alto rendimento.

Analiza Silva adiantou que o recrutamento “não é fácil” porque os participantes têm de reunir vários critérios: Ter sido atleta de alta competição e estar no pós-carreira há pelo menos dois anos, apresentar peso excessivo, estar inativo, ter entre 30 e 65 anos e disponibilidade para efetuar as avaliações e participar nas sessões educacionais

A ideia do estudo é que se torne um projeto comunitário para acompanhar estas pessoas, avançou.

O projeto tem o apoio de várias entidades, entre as quais o Comité Olímpico de Portugal, o Instituto Português do Desporto e Juventude, o Sindicato dos Jogadores Profissionais de Futebol, Associação dos Atletas Olímpicos de Portugal, e de figuras do desporto como Jorge Andrade, ex-jogador da Seleção Nacional e o ex-judoca Nuno Delgado.