Uma equipa de investigadores do Imperial College de Londres, em Inglaterra, que inclui o médico português Delfim Duarte, concluiu que as células de leucemia resistem à quimioterapia porque se movimentam de forma rápida na medula óssea, sem se fixarem numa área particular. A descoberta, publicada na revista Nature na reta final de 2016, possibilita novos tratamentos, que podem travar o movimento destas células. «Sabia-se que, na medula óssea, as células estaminais que dão origem a todas as células do sangue são reguladas por microambientes», refere.
«A grande questão era perceber se as células de leucemia são também dependentes destes nichos. Assim, estudámos um modelo de leucemia particularmente agressivo, a leucemia linfoblástica de células T, em ratinhos e confirmámos em amostras de pacientes», acrescenta ainda o especialista luso, médico interno no Instituto Português de Oncologia do Porto e doutorando do programa GABBA, Graduado em áreas da Biologia Básica e Aplicada.
O que descobriam os especialistas?
«Ao utilizar um tipo inovador de microscopia in vivo que permitiu seguir as células de leucemia em tempo real durante várias fases da doença, verificámos que essas células, incluindo as que resistiam à quimioterapia, se distribuíam e proliferavam de forma aleatória e que as células de leucemia quimiorresistentes eram migratórias e rápidas. E verificámos que a leucemia destrói os microambientes que protegem as células estaminais normais», refere Delfim Duarte.
Qual o potencial deste estudo?
«O nosso estudo sugere que a migração celular pode ser um alvo terapêutico importante no tratamento da leucemia linfoblástica de células T. Estamos neste momento a explorar os mecanismos que explicam o movimento destas células e formas de as conseguirmos parar. As nossas conclusões também apontam para a importância de proteger os osteoblastos, os tais microambientes, para manter a produção normal de sangue nestes doentes», acrescenta ainda o especialista.
Descodificador:
- Leucemia linfoblástica de células T
Cancro do sangue especialmente frequente em crianças que se caracteriza por um aumento descontrolado do número de glóbulos brancos.
- Quimioterapia
Utilização de fármacos para eliminar as células cancerígenas.
Texto: Carlos Eugénio Augusto
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