"Há quatro emergências de saúde que ameaçam a nossa região", disse a diretora da OPAS, Carissa Etienne, em conferência de imprensa virtual.

"O ressurgimento da cólera no Haiti é um lembrete da rapidez com que as doenças se podem espalhar", alertou, lembrando que há poucos meses aquele país caribenho estava prestes a ser declarado livre dessa doença.

Etienne especificou que "a propagação da varíola do macaco parece estar diminuindo", embora mais de 2.300 novas infeções tenham sido relatadas na semana passada nas Américas. Com mais de 45.000 casos, o continente representa 63% da presença da doença em todo o mundo.

Segundo a OPAS, 95% dos casos aconteceram entre homens e 56% em pessoas com VIH/Sida, e foram registados principalmente nos Estados Unidos, mas também no Brasil, Colômbia e México.

Em 4 de outubro, o Brasil foi o primeiro país a receber um envio inicial de 9.800 doses de vacinas contra a doença, seguido pelo Chile. Outros países interessadas incluem Bahamas, Belize, Equador, El Salvador, Guiana, Honduras, Jamaica, Panamá, Peru e Trindade e Tobago.

COVID-19 em fase de controlo

Em relação à pandemia da COVID-19, as tendências de queda em todo o mundo e nas Américas “são um sinal encorajador de que podemos estar a passar da fase aguda da pandemia para uma fase de controlo sustentado”, declarou a diretora da OPAS.

Ainda assim, "a pandemia continua", insistiu. Prova disso, na semana passada foram registados mais de 178 mil novos casos na região, nos quais mais de 70% das pessoas estavam totalmente vacinadas contra a COVID-19.

A OPAS enfatizou a importância de melhorar as taxas de vacinação, especialmente entre os mais vulneráveis, e fortalecer a vigilância epidemiológica.

Usou como exemplo o caso de outra emergência de saúde, a poliomielite, que causa paralisia e para a qual não há cura ou tratamento.

Além dos Estados Unidos, que relataram um caso no início deste ano, Brasil, República Dominicana, Haiti e Peru correm "risco muito alto" de transmissão da poliomielite, alertou a organização.

"A nossa região está sob pressão", e é por isso que devemos "investir e fortalecer os sistemas de saúde", repetiu Etienne.

Preocupação com o Haiti

Um país de grande preocupação para a OPAS é o Haiti. Mais de três anos após uma epidemia que matou mais de 10.000 pessoas, o Haiti confirmou, até 9 de outubro, 32 casos e 18 mortes por cólera.

Mais de 260 casos suspeitos aguardam confirmação na área ao redor da capital, Porto Príncipe, e quase um quarto deles foram encontrados em crianças com 1 a 4 anos, segundo a OPAS.

Etienne acredita que os números provavelmente serão menores do que os reais, já que os casos estão concentrados em áreas afetadas pela escalada da violência e atividade de gangues.

"A cólera chegou durante uma grave agitação social e política" que "impede os esforços para conter" esse surto, alertou.