A comunicação em saúde é como a tesoura que poda com cuidado a árvore da literacia em saúde: ajuda a moldar, ajustar e fortalecer o conhecimento das pessoas. Para cumprir esse papel, deve ser clara, acessível, construtiva, empática e orientadora. No entanto, falha frequentemente — seja na comunicação pública ou privada, individual ou coletiva.

Por vezes, a forma como a informação em saúde é transmitida parece quase uma ofensiva não solicitada. Tal como numa OPA (oferta pública de aquisição) hostil — em que uma empresa tenta assumir o controlo de outra sem o seu consentimento —, a má comunicação impõe-se sem diálogo, sem preparação, e gera resistência.

De acordo com a Fundação Francisco Manuel dos Santos, uma OPA hostil diz respeito a uma oferta que não é solicitada, não é previamente conhecida pelo Conselho da Administração da sociedade visada e não é bem recebida. Este tipo de oferta é normalmente realizada por empresas concorrentes da sociedade visada.

A analogia aplica-se: os cidadãos são frequentemente alvo de mensagens técnicas, mal explicadas, que não compreendem, mas das quais se espera que retirem conclusões e ajam em conformidade. Em quase 60% dos casos acaba por falhar a compreensão dos vários e complexos meandros da saúde. Os números de pessoas com baixa literacia em saúde continuam elevados: cerca de 50% da população não consegue compreender a linguagem técnica da saúde.