Os dados sobre o grau de literacia em saúde dos portugueses, que resultam da participação no consórcio europeu Action Network on Measuring Population and Organizational Health Literacy (M-POHL), mostram que, apesar do aumento nos níveis de conhecimento nacionais nesta área, há ainda muito a fazer. É que, apesar de 65% dos inquiridos neste estudo terem apresentado um nível “suficiente” de literacia em saúde, 7,5% apresentam um nível inadequado e 22% com dificuldades. Contas feitas, quase 3 em cada 10 pessoas ficam mal nesta fotografia.
E o que é que isto significa? Se pensarmos que, nos Estados Unidos, a literacia em saúde é um indicador sobre o estado de saúde de um indivíduo mais forte do que o rendimento, a situação profissional, o nível de educação e o grupo racial ou étnico, então facilmente percebemos a sua importância, que não é exclusiva dos EUA. Aliás, a Organização Mundial da Saúde define mesmo este tipo de literacia como “um determinante da saúde”.
Numa sociedade onde as exigências neste campo se revestem cada vez mais de uma complexidade que requer conhecimento e informação, a educação em saúde torna-se um imperativo. E um imperativo que deve começar cedo, já que é junto dos mais jovens que este tipo de intervenção promete gerar um maior impacto.
Como? Proporcionando melhores resultados em saúde. Não há grandes dúvidas em relação a este facto: seja através da promoção de comportamentos saudáveis, como a prática regular de exercício e da adoção de um regime alimentar equilibrado, ou de outro tipo de cuidados que ajudam a prevenir doenças, como os rastreios ou as consultas regulares ao médico, quanto mais cedo se começar e educar a este nível, mais doenças se poderão prevenir e mais complicações será possível evitar graças a um diagnóstico cada vez mais precoce.
Uma máxima que pode ter resultados imediatos, mas que terá, certamente, benefícios a longo prazo, traduzidos em melhores indicadores de saúde e ainda em poupanças para os sistemas de saúde, cada vez mais sobrecarregados com as consequências do envelhecimento populacional. E a questão dos gastos, ainda que possa não ser a mais importante, é um fator que deve ser tido em conta, quanto mais não seja para sensibilizar os governantes para a importância da educação em saúde junto das gerações mais jovens.
Mas mais do que isto, esta educação em saúde vai permitir a redução das disparidades a este nível: ao dotar as pessoas de conhecimento e informação sobre esta área, estamos a fornecer-lhes ferramentas essenciais para poderem tomar decisões informadas sobre a sua saúde. E num ambiente que se quer que seja, cada vez mais, de decisões partilhadas, isso torna-se particularmente importante.
Finalmente, a educação para a saúde capacita as pessoas e pode contribuir para uma população mais empenhada e atenta às políticas de saúde pública, com uma capacidade reivindicativa e interventiva a este nível que pode ajudar a melhor a saúde de todos.
Aqui, as empresas, sobretudo as que trabalham na área da saúde, têm também um papel importante a desempenhar, seja através de campanhas de sensibilização ou programas educacionais. É isso que fazemos também na Boehringer Ingelheim, através de um investimento no aumento da literacia em saúde e da capacitação dos indivíduos. Através de parcerias com instituições de saúde e de educação, campanhas de sensibilização em diversas áreas terapêuticas e o desenvolvimento de recursos educacionais acessíveis, podemos contribuir para a prevenção de doenças, mas também promover práticas de saúde sustentáveis, importantes para dar resposta aos desafios globais de saúde.
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