"Embora as avaliações sobre burnout, geralmente traduzido por esgotamento profissional, sejam uma prática internacional, com resultados que revelam que os profissionais de Justiça experienciam stress, burnout, depressão ou trauma secundário devido a diversos fatores, como o excesso de trabalho (quantidade elevada de processos por tramitar), falta de recursos humanos ou mesmo preocupações relativas à sua segurança, em Portugal desconhece-se a extensão deste problema", explica a Mind - Instituto de Psicologia Clínica e Forense em comunicado.
Até à data, não é conhecido nenhum levantamento rigoroso e científico sobre como este fenómeno afeta os profissionais de justiça, especialmente os magistrados.
"Saber ao certo de que forma o contexto profissional e também a pandemia por COVID-19 interfere com a saúde mental dos magistrados portugueses é contribuir para a saúde dos profissionais da área e para uma melhor, mais eficiente e célere administração da Justiça", explica o psicólogo clínico e forense Mauro Paulino.
"Considerada durante muitos anos uma realidade exclusiva de profissões com maior envolvimento interpessoal (como as da área da saúde), sabe-se que o burnout pode acontecer em qualquer profissão, estando associado, por exemplo, a ambientes de grande competitividade, em que as atividades atribuídas não são adequadas a cada indivíduo ou quando há sobrecarga de tarefas e/ou de horários", acrescenta.
"É por isso que o burnout inclui três características importantes, nomeadamente a exaustão emocional, a baixa realização pessoal no trabalho e a despersonalização", indica o especialista.
Esta síndrome é considerada uma questão de saúde pública, com dados recentes a revelar que Portugal ocupa o primeiro lugar de um ranking relativo ao risco de burnout nos 26 países da União Europeia.
Foi aprovada a introdução oficial do burnout na 11ª revisão da Classificação Internacional de Doenças da Organização Mundial de Saúde.
A inclusão do burnout está prevista para janeiro de 2022 e resulta das conclusões de peritos de saúde de todo o mundo, surgindo na secção dedicada às questões laborais.
Em Portugal, existem cerca de 3000 magistrados nos tribunais judiciais e nos tribunais administrativos e fiscais.
O estudo conta com o apoio da Associação das Juízas Portuguesas (AJP) e já foi difundido pelo Conselho Superior da Magistratura pelos seus membros.
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