Além dos refrigerantes, têm sido também levantadas preocupações no que diz respeito ao consumo frequente de sumos 100% fruta e ao seu papel na promoção do aumento de peso devido às elevadas quantidades de açúcares que contêm. Mais, tratam-se de bebidas com pouca ou nenhuma fibra em comparação com a fruta inteira, o que resulta em baixa saciedade e maior ingestão de energia, ainda que o seu consumo, refere o estudo, tenda a ser visto como uma forma conveniente de cumprir as recomendações diárias de fruta, estando associado a um padrão alimentar saudável.
O tema tem sido alvo de investigação, mas com resultados mistos, o que levou agora um grupo de investigadores canadianos a olhar para a evidência disponível sobre o consumo deste tipo de bebidas e o seu papel no peso corporal em crianças e adultos, tendo sido analisados 42 estudos, 17 com crianças e 25 com adultos, cujos dados foram depois combinados para serem analisados em conjunto.
E, de acordo com os resultados desta avaliação, quando se trata das crianças, cada copo diário de 235 mililitros de sumo 100% fruta foi associado a um aumento de 0,03 no índice de massa corporal (IMC), enquanto nos adultos, a mesma quantidade foi associada a um aumento de 0,02 no IMC.
De acordo com os investigadores, “um mecanismo potencial que associa os sumos 100% de fruta ao aumento de peso é o consumo de calorias líquidas, que demonstrou resultar num maior aumento de peso em comparação com a ingestão de calorias sólidas. Comparando com a fruta inteira, o sumo 100% de fruta contém menos fibra alimentar, o que leva a uma rápida absorção de frutose no fígado”.
Obesidade, crianças e açúcar
A Organização Mundial de Saúde recomenda que se limitem os açúcares livres, incluindo os dos sumos de fruta 100%, a menos de 10% da energia total.
Por cá, e como medida de redução do consumo de açúcar na população portuguesa, o Governo criou, em 2017, uma taxa especial, o chamado IABA, que incide sobre as bebidas sem álcool com adição de açúcar ou edulcorantes, taxa essa que, no âmbito do Orçamento de Estado 2024, aumentou 10%, mas que continua a deixar de fora os sumos fruta 100% e os néctares, que têm ainda IVA a uma taxa intermédia de 13%.
Isto apesar de, segundo os dados do COSI Portugal 2022, sistema de vigilância nutricional infantil integrado no estudo Childhood Obesity Surveillance Initiative da Organização Mundial da Saúde/Europa, 31,9% das crianças terem excesso de peso e, destas, 13,5% apresentarem obesidade.
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