De acordo com um estudo publicado no jornal médico norte-americano “JAMA: The Journal of the American Medical Association”, que analisou 12 milhões de registos clínicos, a associação entre estrabismo nas crianças e doenças mentais, como a ansiedade, esquizofrenia, doença bipolar e depressão é de 1,23 até 2,70 vezes mais frequente, do que em crianças sem estrabismo”.
Uma recente investigação, cuja análise estatística foi realizada de 1 de dezembro de 2018 a 31 de julho de 2021, sugere que “houve associação moderada entre estrabismo e transtorno de ansiedade, esquizofrenia, transtorno bipolar e transtorno depressivo”.
Neste estudo, crianças e adolescentes menores de 19 anos, “com estrabismo apresentaram maior probabilidade de ter transtorno de ansiedade, esquizofrenia, transtorno bipolar e transtorno depressivo em comparação com crianças e adolescentes sem doenças oculares”.
Para Raúl de Sousa, Presidente da Associação de Profissionais Licenciados de Optometria (APLO), “estas associações sublinham a necessidade de se assegurar acesso aos cuidados para a saúde da visão, se se pretende desenvolvimento saudável em todas as dimensões do ser humano”.
“Em Portugal, ainda não existem cuidados primários para a saúde da visão no SNS, pelo que não se assegura intervenção precoce e atempada no estrabismo. Não só não se promove o desenvolvimento saudável, como se assume os custos de saúde, financeiros e económicos com impacto ao longo da vida, por esta omissão”, afirma o responsável.
O estrabismo consiste num desvio do alinhamento binocular, ou seja, ocorre quando as fóveas (ou ponto da retina com melhor acuidade visual na região central da retina do olho) não fixam o mesmo objeto.
Segundo a Organização Mundial da Saúde, problemas de visão não diagnosticados ou não corrigidos podem tornar-se irreversíveis e afetar a aprendizagem, a integração social e até mesmo o comportamento.
É por isso recomendado a avaliação em sede de cuidados para a saúde da visão logo nos primeiros anos de vida e em todas as fases da vida.
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