A ministra da Saúde espera que os peritos que negoceiam a ajuda externa a Portugal passem um “visto de aceitação” às políticas já tomadas para conter gastos, alertando para os riscos de uma mudança estrutural no setor.

“O que eu espero é que haja um reforço, um visto no sentido de aceitação das nossas medidas, um reforço da nossa capacidade de intervir, sabendo que por este caminho nós poderemos contribuir para a sustentabilidade do Serviço Nacional de Saúde [SNS] e para os custos públicos da saúde serem reduzidos”, disse Ana Jorge em entrevista à agência Lusa.

Os peritos da “troika” que está a negociar a ajuda externa a Portugal reuniram-se este semana com especialistas em economia da saúde, que afirmaram não ser vantajoso fazer agora uma reforma estrutural no modelo de financiamento e de funcionamento do SNS.

Também a ministra considera que uma mudança estrutural profunda no sector da saúde “levaria a grandes desequilíbrios” e que uma eventual alteração seria “mais dispendiosa”.

Ana Jorge espera que as eventuais medidas decidias pela “troika”, composta pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), Banco Central Europeu e Comissão Europeia, sejam “um visto de aceitação” das políticas nacionais.

Intocável é, no entender da ministra, a “manutenção do SNS” tal como se conhece, “de acesso livre para toda a gente e com a mesma qualidade”.

Aliás, Ana Jorge defende que o SNS faz ainda agora “mais sentido do que noutros tempos”.

“O SNS tal como o conhecemos é o garante de que há uma saúde de qualidade para todos. Quer agora, quer há três anos, quando entrei, já se punham algumas necessidades, como reformar o SNS, não para o modificar na sua essência, mas para introduzir reformas que contribuam para a sua manutenção”, considerou.

Sobre a proposta de revisão constitucional do PSD, a governante em gestão acusa os sociais-democratas de quererem dar uma “machadada” no SNS, ao querer introduzir a livre escolha, entre público e privado, na prestação dos serviços.

“Isso levaria a uma desorganização, a uma perda de profissionais nos serviços públicos e havia um enfraquecimento do setor público. A médio e a longo prazo leva à falta de qualidade no serviço público e isso era mau para o país”, comentou.

21 de abril de 2011

Fonte: LUSA/SAPO