Ana Rita Cavaco falava aos jornalistas no final da apresentação do Relatório de Primavera, que decorreu em Lisboa, tendo alertado para a falta de enfermeiros que, diz, “nunca foi tão grave” e que já levou ao encerramento de camas.

De acordo com a bastonária, no serviço de neurocríticos do Hospital de São José, em Lisboa, encerraram já duas camas e existem 30 turnos a descoberto por falta de enfermeiros.

“Não podemos assegurar a segurança dos doentes”, disse Ana Rita Cavaco, lembrando que neste serviço os enfermeiros já fizeram mais de 1.000 horas além das que são obrigados a cumprir.

Também no Hospital de Santo António, no Porto, a falta de enfermeiros levou ao encerramento de nove camas, estando 42 turnos a descoberto.

Nesta unidade de saúde, os enfermeiros já realizaram cerca de 3.800 horas a mais e a administração terá informado a bastonária de que no mês de julho nenhum poderá gozar nem um dia de férias.

Enfermeiros estão esgotados

Segundo Ana Rita Cavaco, os enfermeiros estão esgotados e são cada vez mais frequentes as baixas de longa duração. Também as grávidas evitam, por razões de segurança, trabalhar nestas condições.

A bastonária responsabiliza por este agravamento da falta de profissionais um despacho ministerial que obriga a que todas as substituições de enfermeiros passem por uma autorização da Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS), no prazo de 72 horas.

Ana Rita Cavaco afirma que esse prazo tem sido ultrapassado, em alguns casos em mais de um mês.

Questionado sobre esta situação, o secretário de Estado da Saúde, Manuel Delgado, reconheceu a falta de enfermeiros, tal como de médicos, e defendeu uma redistribuição destes profissionais para a resolver.

Sobre o despacho com as novas regras para a substituição de enfermeiros, Manuel Delgado disse que é intenção da tutela “agilizar a resposta para evitar tempo de espera”, ao que a bastonária Ana Rita Cavaco respondeu: “Ele não pode redistribuir o que não tem”.

Segundo a Ordem, faltam em Portugal 20 a 25 mil enfermeiros.