15 de outubro de 2013 - 13h16
A exposição às ondas eletromagnéticas emitidas por telemóveis e outros aparelhos podem causar alterações biológicas no organismo, mas os dados científicos disponíveis não mostram "efeitos comprovados" sobre a saúde, concluiu a agência sanitária francesa (Anses).
Segundo um relatório publicado hoje e baseado em mais de 300 estudos científicos divulgados a nível internacional desde 2009, "não existem provas de efeitos sobre a saúde" devido à exposição às ondas eletromagnéticas dos telemóveis e outros aparelhos, mas sim "indícios de efeitos biológicos diversificados".
O estudo ressalva que um efeito biológico é uma modificação do organismo sem ser necessariamente uma patologia e aponta como exemplos de efeitos biológicos comuns a dilatação das pupilas com a luz ou a mudança de cor da pele após a exposição ao sol.
No caso da exposição às ondas eletromagnéticas, os efeitos biológicos constatados em humanos e animais estão relacionados com as capacidades cognitivas, perturbações do sono e fertilidade masculina.
A agência indica que não conseguiu "estabelecer uma relação de causalidade entre os efeitos biológicos descritos sobre homens e animais e eventuais efeitos sobre a saúde".
O relatório sublinha que continua também por demonstrar a relação de causalidade entre a exposição intensiva a estas ondas e um risco acrescido de tumores cerebrais, uma hipótese sustentada por alguns estudos publicados desde 2009.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) tinha alertado em maio de 2011 que o uso de telefones portáteis deveria ser considerado como "potencialmente cancerígeno para o homem".
Apesar de os efeitos sobre a saúde não estarem comprovados, a Anses recomenda a redução da exposição às ondas, em particular dos telemóveis, sobretudo por crianças e utilizadores intensivos.
As dúvidas sobre os efeitos na saúde destas ondas avolumam-se com a disseminação em larga escala das tecnologias sem fios, nomeadamente com a chegada da 4G.
As novas tecnologias são suscetíveis de aumentar a exposição da população geral, através das novas antenas, ou dos utilizadores, através dos novos equipamentos (smartphones, tabletes, etc).
Para Dominique Gombert, diretor de avaliação de riscos da Anses, um utilizador é considerado intensivo a partir de quarenta minutos de utilização quotidiana.
SAPO Saúde com Lusa