A moda de não vacinar crianças está a fazer a Europa recuar anos na luta contra doenças quase erradicadas e que hoje voltam a matar. Portugal ainda é exceção, com uma boa taxa de cobertura e sem casos registados.
Contactada pela Lusa a propósito do Dia Mundial da Imunização, que se assinala na quinta-feira, a subdiretora-geral da Saúde, Graça Freitas, disse que são vários os países europeus onde a moda de não vacinar os filhos está a fazer voltar doenças quase erradicadas, como o sarampo.
Um alerta emitido pelo Centro Europeu para a Prevenção e Controlo de Doenças revela que o declínio da vacinação, causado por grupos de pessoas anti vacinas, está na origem do aumento da incidência de antigas doenças infeciosas.
Assim, doenças como o sarampo e a rubéola, que estavam quase erradicadas, estão agora a voltar em novos surtos.
Em Espanha, onde em 2004 se registaram apenas dois casos de sarampo, já há registo de 1.300 pessoas infetadas, cinco vezes mais do que em 2010, revela o diário El País.
Em França morreram seis pessoas em consequência da mesma doença e mais de 300 sofreram pneumonias graves, entre as mais de 5.000 infetadas.
Mas esta é uma situação que se estende a muitos outros países da Europa, onde a moda de não vacinar, normalmente por questões ideológicas, está a crescer, confirma Graça Freitas, sublinhando que em Portugal “as pessoas que exercem esse direito são muito poucas”, pelo que há boas taxas de cobertura.
“Esse fenómeno de moda de não vacinar, em Portugal tem uma dimensão pequena, por isso não temos tido surtos”, afirmou, adiantando que os únicos dois casos de que há registo no país dizem respeito a duas pessoas que vieram de fora, já infetadas.
Graça Freitas sublinha a importância de vacinar, não só pela imunidade do indivíduo, mas pela imunidade de grupo, que é o que permite que as doenças estejam controladas.
Lembrando que na historia da humanidade apenas uma doença foi totalmente erradicada porque o vírus desapareceu – a varíola em 1980 -, a responsável salienta que, para todas as outras doenças, os vírus e as bactérias existem e só não se transmitem porque a maioria da população está imunizada.
“Se num grupo de dez pessoas uma não estiver vacinada, essa vai beneficiar da imunização das outras”, afirmou.
Contudo, basta dois ou três anos com uma baixa cobertura de vacinação para elas reaparecerem, acrescentou.
Quanto à moda de não vacinar, Graça Freitas explica que as pessoas deixaram de ter medo das doenças porque elas desapareceram, mas frisa que é precisamente o comportamento de não vacinar, fruto dessa despreocupação, que pode fazê-las voltar, como aliás já está a acontecer na Europa.
Para tentar evitar que tal aconteça em Portugal, a DGS faz frequentemente campanhas de vacinação e publica no seu site circulares informativas.
08 de junho de 2011
Fonte: Lusa/SAPO
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