O presidente do novo organismo de combate às toxicodependências, João Goulão, anunciou hoje a criação de um “plano comum” para todas as substâncias, lícitas e ilícitas, unindo o plano nacional do álcool e a estratégia contra a droga.
“Será construído um novo plano”, disse o presidente do Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências (SICAD) à agência Lusa, a propósito da entrada em vigor há dois anos do Plano Nacional para a Redução dos Problemas do Álcool (2010-2012), que visa reduzir de “forma significativa” o consumo nocivo de álcool.
Segundo João Goulão, a estratégia nacional contra a droga e as toxicodependências e o plano do álcool vão entrar em “fase de avaliação”, sendo intenção das autoridades construir “um plano comum para os vários tipos de substâncias”.
Sobre o plano nacional do álcool, afirmou que é “muito ambicioso e muito abrangente”, mas teve um “período muito curto de execução”.
“As atribuições de responsabilidade em matéria de álcool só passaram para o Instituto da Droga e da Toxicodependência (IDT) em 2007. O plano foi construído em 2008 e aprovado em 2009, não tendo havido muito tempo para a sua execução”, justificou.
Também as alterações estruturais do IDT, anunciadas há cerca de um ano, causaram algumas dificuldades ao desenvolvimento do plano.
Apesar disso, “foram lançadas as bases para uma intervenção que venha a ter sequência”, como o Fórum Nacional Álcool e Saúde, que congrega várias organizações, que dão contributos para que “o uso problemático do álcool seja contrariado”.
Foi também construída uma rede de referenciação para os problemas ligados ao álcool, envolvendo o IDT, a rede de cuidados de saúde primários, serviços hospitalares e de saúde mental.
“São contributos importantes, mas houve de facto ainda muito pouco tempo para a implementação do plano”, sublinhou.
Um dos objetivos do plano é analisar as dimensões dos consumos de álcool e os problemas associados em Portugal para permitir a tomada de decisões acerca de medidas estratégias e linhas de ação específicas de prevenção, controlo e tratamento deste problema de saúde pública.
Ainda não há estudos sobre a evolução dos consumos, mas os que existem apontam para um menor número de pessoas a beberem álcool. No entanto, os que consomem, sobretudo os mais jovens, fazem-no em grandes quantidades e com grande ocorrência de bebedeiras, “um dado preocupante e que é preciso inverter”.
Um relatório da Organização Mundial da Saúde divulgado em março indicava que, numa lista de 34 países europeus, Portugal surgia no nono lugar no que se refere à média anual de consumo de álcool puro per capita, com 13,43 litros.
A subida da idade legal para compra de bebidas alcoólicas dos atuais 16 anos para os 18 anos e redução da taxa de alcoolemia para novos condutores dos 0,5 gramas de álcool por litro de sangue para 0,2 são medidas que fazem parte do plano do álcool.
“Estas medidas estão prestes a ser objeto de uma iniciativa legislativa do Governo. Os diplomas estão em fase final de preparação”, adiantou.
24 de maio de 2012
@Lusa
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