De acordo com a 5.ª Edição do Barómetro Semanal da Nielsen sobre o impacto da pandemia de covid-19, na semana em causa “é mais visível a preocupação com produtos de higiene pessoal, nomeadamente depilação (+31%) e produtos para cabelo (+20%), que entram para o ‘ranking’ de maiores crescimentos de higiene pessoal e do lar”.
Para conter a propagação de covid-19, foi decretado o estado de emergência, em 18 de março, que determinou a obrigação de confinamento da população, com algumas exceções, e levando ao encerramento de esteticistas e cabeleireiros.
“A evolução das vendas nas categorias de FMCG [‘Fast-moving consumer goods’, bens de grande consumo] demonstra que os portugueses que se mantêm em quarentena têm vindo a tentar assegurar um bem-estar e cuidado consigo próprios, muito provavelmente para tentar experienciar esta nova realidade da melhor forma possível”, infere a Nielsen, em comunicado.
Na semana em que foi ultrapassada a barreira dos 10.000 casos confirmados de infeção por covid-19 em Portugal, o consumo foi, em grande medida, influenciado pela preparação da celebração da Páscoa, tendo-se registado vendas na ordem dos 187,5 milhões de euros, um crescimento de 20% face ao período homólogo.
O impacto da Páscoa sentiu-se sobretudo nas vendas de carne, que cresceram 18%, com destaque para a carne de ovino e caprino (subida de 85%), tradicionalmente encontrada nesta época à mesa das famílias portuguesas, verifica o estudo.
O crescimento no consumo foi também visível em contexto ‘online’, com o número de ocasiões de compra a crescer 200% e a aumentar 192% em novos lares.
“Apesar das restrições impostas à circulação em território nacional, os portugueses fizeram planos para se sentarem à mesa nas suas casas para celebrar esta época central no calendário religioso e na vivência familiar”, aponta a consultora sénior da Nielsen Marta Teotónio Pereira.
Os portugueses continuam também a demonstrar uma preocupação com a defesa do sistema imunitário, refere o estudo, com a laranja, limão, tangerina/clementina e kiwi a manterem a posição no topo dos crescimentos na categoria de frutas e legumes, com mais 115%, 98%, 71% e 33% de vendas na semana em análise, respetivamente.
No sentido inverso, o barómetro aponta que as vendas em promoção sofreram uma quebra desde o início dos efeitos da pandemia no mercado nacional: se no período pré-covid-19 o valor médio das vendas em promoção se posicionava muito próximo dos 50% e na primeira semana de registo do vírus em Portugal esta chegou mesmo aos 51,2%, na semana em análise as vendas deste tipo caíram para os 32,5%.
Por outro lado, o comércio de proximidade ultrapassou pela primeira vez neste período os 15% de vendas em valor no conjunto de vendas registadas a nível nacional em todos os tipos de loja.
“A procura por soluções de proximidade destaca-se a partir da semana 12 [do ano], data em que é declarado o estado de emergência em Portugal e as famílias passam a ficar em casa devido ao encerramento das escolas”, esclarece a Nielsen.
No entanto, as dinâmicas de consumo a nível europeu são distintas, refletindo diferentes impactos da covid-19 e respostas à mesma.
Se em Portugal, Espanha, Itália e França o pico das vendas se situou na semana 11, com incrementos menores comparativamente ao período homólogo após essa data, a situação no Reino Unido mostra um pico do consumo na semana 12 e decréscimos face a 2019 nas duas semanas seguintes.
Esta distinção, refere o relatório, pode mostrar um paralelismo com uma reação mais tardia a esta pandemia no Reino Unido.
Para a elaboração do estudo foram analisadas as vendas em valor feitas dentro do retalho alimentar das lojas Auchan, Continente, Dia/MiniPreço, El Corte Inglés, Intermarché, Mercadona e Pingo Doce, excluindo as ilhas, no período de 30 de março a 05 de abril, em comparação com a mesma semana do ano passado.
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