“Todas as questões ligadas à pandemia têm de ser vistas de outra maneira. É como eles dizem, situações excecionais pedem medidas excecionais e urgentes e, nesta questão, muito urgente, de aumentar o número de transportes”, disse a porta-voz do movimento, Cecília Sales.

Cecília Sales, que falava aos jornalistas no Largo do Calvário, em Lisboa, lembrou que os utentes dos transportes continuam a andar “em latas de sardinhas” e que os mesmos “são focos de contágio” da covid-19.

“Estes anúncios de que vai acontecer isto e aquilo são um ‘bluff’, coisas que já não acreditamos muito”, disse Cecília Sales, referindo-se às medidas do Orçamento do Estado para 2021 na área dos transportes.

Desta forma, e para a responsável, neste momento é necessário “o reforço dos transportes independentemente de haver investimentos nas empresas públicas e no PART”, o Programa de Apoio à Redução Tarifária nos Transportes Públicos.

“O que queremos, na prática, é que as pessoas não andem de sardinhas em lata numa situação que é um foco de contágio. Toda a gente diz, e é verdade, que os transporte são um dos maiores focos de contágio. Temos de prevenir a situação e o reforço dos transportes é uma grande prioridade para a cidade de Lisboa”, frisou.

Cecília Meireles deixou ainda críticas ao facto de o Governo “teimar na linha circular do metro [Amarela] que está em obras”, denunciando que a linha Vermelha, que iria servir a zona de Alcântara, já devia estar igualmente em obras, mas só está em estudo.

“Saudamos o anúncio de que se irá estudar o prolongamento da linha Vermelha até Alcântara, mas essa era a obra que deveria estar a ser feita neste momento, em vez de se estar a desperdiçar mais de 300 milhões de euros na transformação da linha verde e amarela”, disse.

O (PART) tem um financiamento para 2021 de cerca de 260 milhões de euros, de acordo com a proposta de Orçamento do Estado (OE).

O financiamento do PART é feito no próximo ano com 198,6 milhões de euros resultantes da consignação de receitas ao Fundo Ambiental e ainda com saldos no valor de 60 milhões de euros para reforço extraordinário dos níveis de oferta nos sistemas de transportes públicos abrangidos pelo programa.

O PART, criado em abril de 2019, é um programa de financiamento das autoridades de transporte para a implementação e desenvolvimento de medidas de apoio à redução tarifária nos sistemas de transporte público coletivo de passageiros, visando reduzir a fatura das famílias com a mobilidade, bem como aumentar a oferta de serviço e a expansão da rede.

Na versão preliminar do OE2021, o Fundo Ambiental fica ainda autorizado a transferir para autoridades de transportes - áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto e comunidades intermunicipais (CIM, associações de municípios do restante território continental) – uma verba "até 30 milhões de euros" para “reforço adicional” dos níveis de oferta nos sistemas de transportes públicos, “tendo em conta um cenário mais adverso dos efeitos da crise pandémica no sistema de mobilidade”

A pandemia de covid-19 provocou pelo menos 1.397.322 mortes resultantes de mais de 59,2 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

Em Portugal, morreram 3.971 pessoas, em 264.802 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.