Pela bancada socialista, a vice-presidente da bancada Constança Urbano de Sousa fez o contraponto entre o “endurecimento generalizado” das medidas em outros países europeu neste período festivo e o caso português.
“Em Portugal, o Governo optou por medidas proporcionais e diferenciadas em função do risco para controlar pandemia e, ao mesmo tempo, não matar a economia”, considerou.
A ex-ministra da Administração Interna defendeu que “vencer a luta contra a pandemia não é apenas responsabilidade do Governo, parlamento e instituições”.
“Com o aproximar do Natal e do Ano Novo, épocas de convívio, gostaria de salientar: a luta contra a pandemia convoca-nos a todos na qualidade de cidadãos, todos temos de ter consciência que é nossa responsabilidade adequar o comportamento individual”, disse, avisando que “todo o cuidado é pouco e nenhum sacrifício é de mais”.
Já o vice-presidente da bancada do PSD Carlos Peixoto avisou que “o Governo ou é ponderado e inteligente ou é simpático e popular”.
“As duas coisas ao mesmo tempo pode ser explosivo e fazer detonar a bomba relógio”, alertou, pedindo “indicações mais claras” para o Natal e mais restrições no Ano Novo.
Carlos Peixoto defendeu que, se o país não deve “cair na caricatura de outros países, que implementaram medidas consideradas anedóticas”, pode ser necessário uma maior racionalidade e frieza.
“Se quanto aos festejos de fim de ano, nos parece de bom senso limitar a liberdade de cada um com regras mais impositivas, já quanto ao Natal, a equação, sendo mais de mais difícil ponderação, pelo significado que tem, não dispensa, ainda assim, a definição de indicações mais claras que auxiliem a decisão moral de cada um”, apelou.
O deputado social-democrata afirmou que, na última semana, os contágios aumentaram 4% e as mortes subiram 7%, para o maior registo de sempre.
“O Governo português é o único na Europa que não implementou medidas de restrição de circulação entre concelhos nos próximos 15 dias, mesmo nos de elevado risco”, disse.
Os dois partidos que irão hoje votar a favor da renovação do estado de emergência coincidiram na defesa da sua necessidade.
“Infelizmente, vamos continuar a necessitar de medidas de contenção”, afirmou Constança Urbano de Sousa, que registou “resultados positivos” e destacou a aproximação da vacina como um sinal de “renovada esperança”.
Ainda assim, defendeu que “este não é o momento para baixar a guarda e deitar tudo a perder”, alertando para a possibilidade de uma terceira vaga.
Pelo PSD, Carlos Peixoto justificou o voto a favor por considerar que “o Governo continua a precisar que este regime excecional vigore para poder implementar medidas de contenção da pandemia”, mas considerou que tal não é “uma cortina de fumo para ocultar os seus erros”.
“Não há quem não saiba que no Verão, o Governo esteve confiadamente a banhos em vez de estar afincadamente a trabalhar numa estratégia de recuperação dos milhões de consultas, tratamentos e cirurgias que as suas opções políticas comprometeram”, criticou, apontando igualmente falhas no tratamento aos doentes não-covid ou nos surtos em lares.
Para o futuro, Carlos Peixoto referiu receios quanto ao plano de vacinação, salientando que os centros de saúde “ainda nem sequer receberem orientações sobre os procedimentos a adotar e não dispõem de dados centralizados para organizarem os processos de chamada das pessoas”.
Desde o início da pandemia, Portugal já registou 5.902 mortes e 362.616 casos de infeção pelo vírus SARS-CoV-2, estando hoje ativos 69.686, mais 924 em relação a quarta-feira.
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