“Os pediatras acompanham esta situação, os médicos em geral, mas até à data não temos reporte de se ter verificado algumas destas situações em Portugal”, disse Graça Freitas durante a conferência de imprensa diária de atualização de informação sobre a pandemia em Portugal.

Associações de pediatria do Reino Unido, da Itália e de Espanha pediram aos médicos para estarem atentos a crianças que apresentem uma condição inflamatória rara porque a doença pode estar ligada ao novo coronavírus, que provoca a doença COVID-19.

O primeiro alerta para esta situação partiu, no início da semana, da Associação de Pediatras de Cuidados Intensivos do Reino Unido, mas foi, entretanto, secundada pela Associação Espanhola de Pediatria e pela Sociedade Italiana de Pediatras.

Segundo as autoridades do Reino Unido, “nas últimas três semanas houve um aumento aparente, em Londres e também em outras regiões do Reino Unido, do número de crianças de todas as idades com um estado inflamatório multissistémico que requer cuidados intensivos”.

Os hospitais ingleses relataram alguns casos que apresentavam características da Síndrome do Choque Tóxico ou da Doença de Kawasaki, um distúrbio raro dos vasos sanguíneos.

Destes casos, apenas algumas crianças tiveram resultado positivo para COVID-19, portanto, os cientistas não têm certeza se esses sintomas raros são causados pelo novo coronavírus ou por outra coisa.

Entretanto, a Associação Espanhola de Pediatria emitiu um aviso semelhante, alertando os pediatras de que, nas últimas semanas, houve várias crianças em idade escolar que apresentaram “um quadro invulgar de dores abdominais, acompanhadas de problemas gastrointestinais” que podem levar, em poucas horas, a um choque, com queda da pressão arterial e problemas cardíacos.

Também os pediatras italianos foram avisados da mesma preocupação pela Sociedade Italiana de Pediatria.

Os sintomas da Kawasaki incluem febre alta que dura cinco dias ou mais, erupções cutâneas e glândulas inchadas no pescoço.

Até agora, as crianças estão entre o grupo menos afetado pelo coronavírus. Dados de mais de 75.000 casos na China mostraram que os mais novos representavam 2,4% de todos os casos e apresentavam apenas sintomas leves.

A Organização Mundial da Saúde admitiu estar a tentar reunir mais informações sobre qualquer síndrome em crianças relacionada com o coronavírus através da sua rede global de médicos, mas adiantou não ter recebido ainda nenhum relatório oficial sobre a situação.

Portugal regista hoje 973 mortos associados à COVID-19, mais 25 do que na terça-feira, e 24.505 infetados (mais 183), segundo a DGS.