“É preciso continuar a procurar soluções, estamos também a fazer a nossa parte e agradeço aos nossos investigadores”, disse Lacerda Sales na habitual conferência de imprensa das autoridades de Saúde sobre a evolução da pandemia em Portugal.
O governante destacou que a transmissão de plasma convalescente já foi feita noutros países, nomeadamente na China, com “bons resultados”.
Os critérios para a participação em ensaios clínicos com plasma convalescente são coordenados pelo Instituto Português do Sangue e da Transplantação (IPST), e envolvem a Direção-Geral da Saúde (DGS), o Infarmed, o Instituto Nacional Dr. Ricardo Jorge e o Instituto de Medicina Molecular de Lisboa.
Presente na conferência, a presidente do IPST, Maria Antónia Escoval, sublinhou que a terapêutica não só foi usada na China “com eficácia”, como estão a ser desenvolvidos ensaios com plasma convalescente em vários países da Europa, nomeadamente Espanha, Itália, França, Alemanha, Holanda e Bélgica.
Da mesma forma, indicou, os EUA iniciaram também esta terapêutica no âmbito de ensaios clínicos.
“A OMS recomenda a sua utilização”, frisou.
Assim, o Instituto Português do Sangue e da Transplantação desenvolveu um procedimento que envolve a seleção dos dadores, dos doentes recuperados, a colheita, a análise, o processamento e a distribuição deste plasma através dos serviços de imunoterapia dos hospitais.
“Estarão envolvidos nesta colheita, além dos três centros de sangue e de transplantação do IPST, mais sete serviços em hospitais portugueses”, especificou.
“Relativamente ao recrutamento destes dadores, como sabem a dádiva de sangue em Portugal é anónima, benévola e voluntária e portanto estará disponível no site do IPST um ‘link’ onde todos os doentes recuperados podem a partir de hoje disponibilizar-se para fazer a sua dádiva de plasma convalescente”, acrescentou.
A responsável expressou ainda o “enorme esforço e enorme satisfação” de Portugal conseguir ter testes para a quantificação de anti-corpos neutralizantes.
“Esta quantificação é essencial, assim como o volume transferido para a eficácia desta terapêutica”, frisou Maria Antónia Escoval.
Em relação aos ensaios clínicos, declarou que foi hoje nomeado por despacho um grupo de trabalho que envolve, além do IPST, a DGS, o Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge e o Infarmed.
“Este grupo de trabalho irá definir os critérios mínimos de inclusão nestes ensaios clínicos e tudo o restante que envolve esta terapêutica, nomeadamente volumes a transfundir, doentes a incluir nestes ensaios”, precisou.
Neste grupo serão também chamados a participar médicos de várias instituições hospitalares.
No final, deixou um apelo para as dádivas de sangue por forma a responder ao reinicio gradual da atividade hospitalar.
“Efetivamente o sangue não se fabrica artificialmente e todos os dias há docentes que necessitam de sangue e componentes sanguíneos, nomeadamente os doentes oncológicos, mas agora também os doentes que são submetidos a cirurgias com o início progressivo da atividade”.
A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de COVID-19 já provocou mais de 247.000 mortos e infetou mais de 3,5 milhões de pessoas em 195 países e territórios.
Mais de um milhão de doentes foram considerados curados.
Em Portugal, morreram 1.063 pessoas das 25.524 confirmadas como infetadas, e há 1.712 casos recuperados, de acordo com a Direção-Geral da Saúde.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
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