Segundo um relatório do Centro Europeu de Controlo de Doenças (ECDC), agora divulgado, Portugal é um dos dois países que não está a administrar vacinas deliberadamente contra a COVID-19 a quem já teve a infeção.
O ECDC identificou 15 países que dão as duas doses da vacina contra a COVID-19 a quem já desenvolveu infeção - Bélgica, Croácia, Chipre, República Checa, Dinamarca, Finlândia, Alemanha, Irlanda, Letónia, Lituânia, Luxemburgo, Malta, Polónia, Roménia e Suécia -, sete que administram apenas uma dose - Áustria, Estónia, França, Itália, Espanha, Eslováquia e Noruega -, um que não recomenda nenhuma dose - Islândia - e outro - Portugal - onde o assunto está em "discussão".
Na Lituânia, enquanto houver falta de vacinas, o grupo de pessoas infetadas há mais de 90 dias também não será, para já, vacinado.
Segundo avança hoje a TSF, a Direção-geral da Saúde (DGS) defende que dada a escassez de vacinas "devem ser priorizadas as pessoas com maior risco/vulnerabilidade de contrair a infeção por SARS-CoV-2 e que não tenham ainda tido a possibilidade de desenvolver resposta imunológica". No entanto, diz a entidade, o assunto está "em discussão".
De acordo com o relatório do ECDC, há evidência de que, para aqueles indivíduos que já foram previamente infetados com o SARS-CoV-2, uma única dose das vacinas disponíveis atualmente pode fornecer imunidade suficiente contra uma nova infeção.
Ordem dos Médicos quer revisão da norma
No entanto, já ontem a Ordem dos Médicos insistiu na necessidade de incluir nos primeiros grupos de vacinação os profissionais de saúde e as pessoas com 80 anos ou mais que já tiveram COVID-19 há mais de 90 dias.
A Ordem reclamou, em comunicado, a rápida revisão da norma da Direção-Geral da Saúde que "impede a vacinação prioritária de médicos que já tiveram COVID-19". A instituição defende que os médicos e outros profissionais de saúde com infeção prévia a SARS-CoV-2 contraíram a doença, na maioria dos casos, no exercício profissional e encontram-se novamente em risco, devido à "possibilidade de reinfeção".
Podem também, de acordo com a Ordem, "ser veículo de transmissão da doença na comunidade", em particular a doentes mais fragilizados que necessitam de cuidados de saúde por patologia não-Covid.
"A evidência científica disponível documenta um risco crescente de reinfeção após os 90 dias, sobretudo nos indivíduos com idade igual ou superior a 65 anos e nos imunodeprimidos", defende a Ordem dos Médicos. Sustenta igualmente que deve ser considerado o aumento do risco com a circulação de novas variantes.
"Esta recomendação de vacinação segue as orientações da Organização Mundial de Saúde e já está em vigor em muitos outros países, tais como França, Alemanha, Espanha, Itália, Reino Unido e EUA", lê-se no documento.
"O risco acrescido que os médicos enfrentam nas várias linhas de atividade, a existência de muitos casos de infeção recente sem tradução nos testes serológicos e o aumento da capacidade de vacinação no âmbito da resposta nacional à pandemia a SARS-CoV-2, tornam urgente a rápida revisão da norma 002/2021 da Direção-Geral da Saúde que impede que os profissionais de saúde que já estiveram infetados pelo SARS-CoV-2 possam ser vacinados na primeira fase de vacinação", alega a OM.
A pandemia de COVID-19 provocou, pelo menos, 2.784.276 mortes no mundo, resultantes de mais de 127 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito hoje pela agência francesa AFP.
Em Portugal, morreram 16.843 pessoas em 820.716 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
Mais de 60 mil professores e não docentes no fim de semana
Mais de 60 mil professores e não docentes do ensino pré-escolar e do primeiro ciclo do ensino público e privado foram vacinados contra a COVID-19 no fim de semana, anunciou ontem a `task force´ que coordena a vacinação. Em comunicado, a estrutura liderada pelo vice-almirante Henrique Gouveia e Melo adiantou que, no âmbito da vacinação do pessoal docente e não docente, mais de 71 mil pessoas foram notificadas por mensagem SMS ou por contacto telefónico.
De um grupo inicial de cerca de 78.700 utentes ligados ao setor da Educação, foram excluídos aqueles que já tinham sido vacinados noutros contextos, as grávidas e os que já tinham contraído COVID-19..
No total, foram administradas durante o fim de semana 60.334 vacinas contra o vírus SARS-CoV-2, 46.182 das quais no sábado e as restantes 14.152 no domingo.
A mesma fonte adiantou que cerca de dois mil utentes serão ainda vacinados nos cuidados primários de saúde, por pertencerem a concelhos com uma baixa taxa de docentes e não docentes elegíveis para receberem a vacina, onde "não se justificava recorrer a estruturas de vacinação rápida".
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