"Não podemos ser prisioneiros das estatísticas. Podemos mudar a trajetória da pandemia", disse Tedros Adhanom Ghebreyesus numa conferência de imprensa online, a partir de Genebra.

Para mudar essa trajetória são precisas táticas agressivas, disse o responsável, usando uma terminologia ligada ao futebol, numa conferência de imprensa em que, com a presença do presidente da FIFA, Gianni Ifantino, foi apresentada uma campanha para "expulsar o coronavírus" responsável pela covid-19. 

Objetos que aumentam o risco de contrair COVID-19 segundo a Direção-geral da Saúde
Objetos que aumentam o risco de contrair COVID-19 segundo a Direção-geral da Saúde
Ver artigo

Tedros Adhanom Ghebreyesus lembrou que passaram 67 dias desde foi relatado o primeiro caso do novo coronavírus e se atingirem 100.000 infeções, sendo preciso apenas 11 dias para se chegar a mais 100.000 e só quatro dias para outros 100.000. “Podemos ver como o vírus acelerou”, alertou, acrescentando que o vírus está agora em quase todo o mundo.

É por isso que, salientou o diretor-geral da organização, como no futebol não se vence um jogo apenas defendendo, são precisas táticas de ataque agressivas e direcionadas, não apenas ficando isolado em casa mas testando casos suspeitos, isolando os infetados, tratando os que precisam e monitorizando as redes de contactos dessas pessoas.

Saudando países que enviaram equipas médicas para ajudar outros países, lamentando os “alarmantes relatos” de profissionais de saúde infetados, Tedros Adhanom Ghebreyesus disse também que vai falar com os líderes do G20 (as maiores economias do mundo) para lhes pedir que aumentem a produção e ajudem na distribuição de meios de proteção para fazer face à pandemia. “O que lhes peço é solidariedade”, disse.

Na conferência de imprensa o diretor-geral criticou também que se esteja a tratar doentes de Covid-19 com medicamentos cuja eficácia não foi ainda testada pela comunidade científica e que além de criarem “falsas esperanças” podem fazer mais mal do que bem.

E na véspera do Dia Mundial da Tuberculose Tedros Adhanom Ghebreyesus lembrou também a doença que mata 1,5 milhões de pessoas por ano e disse que se o mundo respondeu rapidamente à emergência da Covid-19 deve unir-se também na luta contra a tuberculose.

E voltou a salientar que a solidariedade é o fator mais importante para enfrentar o vírus.

A campanha hoje apresentada em Genebra pela OMS e pela FIFA junta jogadores de futebol de todo o mundo que, a partir de casa, fazem apelos e deixam conselhos para fazer face à doença.

Nomes como Leonel Messi, Radamel Falcão ou Xavi Hernández fazem parte do vídeo que vai ser divulgado em breve.

“O futebol significa muito para milhares de milhões de pessoas em todo o mundo e é óbvio que temos que mostrar liderança e solidariedade nestes dias difíceis”, disse o presidente da FIFA, salientando que a saúde é o mais importante e que a humanidade tem de ser forte, seguir as orientações dos profissionais de saúde  e das autoridades, e depois começar a reconstrução.

O coronavírus mostrou como a humanidade é vulnerável, e também globalizada, disse o responsável.

Alisson Becker, jogador brasileiro do clube inglês Liverpool, entrou em direto para dizer que os jogadores de futebol estão habituados a trabalhar em equipa e que não é fácil agora ficar em casa, ainda que entenda que é necessário. Agora, disse, é o momento de dar prioridade à solidariedade e de pensar nos outros

Portugal com 23 mortes

Portugal tem 23 mortes associadas ao vírus da covid-19 confirmadas, mais nove do que no domingo, e 2.060 pessoas infetadas, segundo o boletim de hoje da Direção-Geral da Saúde (DGS). Estão confirmadas nove mortes na região Norte, cinco na região Centro, oito na região de Lisboa e Vale do Tejo e uma no Algarve, revela o boletim epidemiológico divulgado hoje, com dados referentes até às 24:00 de domingo.

Recomendações da Direção-Geral da Saúde (DGS)

  • Caso apresente sintomas de doença respiratória, as autoridades aconselham a que contacte a Saúde 24 (808 24 24 24). Caso se dirija a uma unidade de saúde deve informar de imediato o segurança ou o administrativo.
  • Evitar o contacto próximo com pessoas que sofram de infeções respiratórias agudas; evitar o contacto próximo com quem tem febre ou tosse;
  • Lavar frequentemente as mãos, especialmente após contacto direto com pessoas doentes, com detergente, sabão ou soluções à base de álcool;
  • Lavar as mãos sempre que se assoar, espirrar ou tossir;
  • Evitar o contacto direito com animais vivos em mercados de áreas afetadas por surtos;
  • Adotar medidas de etiqueta respiratória: tapar o nariz e boca quando espirrar ou tossir (com lenço de papel ou com o braço, nunca com as mãos; deitar o lenço de papel no lixo);
  • Seguir as recomendações das autoridades de saúde do país onde se encontra.

Das 2.060 pessoas infetadas pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2), a grande maioria (1.859) está a recuperar em casa, 201 estão internadas, 47 das quais em Unidades de Cuidados Intensivos. De acordo com os dados da DGS, há mais 460 casos (22,3%) confirmados de infeção com o novo coronavírus, que provoca a doença covid-19, do que no domingo.

Desde 01 de janeiro existem 13.674 casos suspeitos, dos quais 1.402 aguardam resultado laboratorial. Houve ainda 10.212 casos em que os testes não confirmaram a infeção e 14 doentes que já recuperaram.De acordo com o relatório da situação epidemiológica em Portugal, existem 11.842 contactos em vigilância pelas autoridades de saúde (menos 720, face a domingo).

Pandemia alastra

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 324 mil pessoas em todo o mundo, das quais mais de 15.000 morreram.

Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.

O continente europeu é aquele onde está a surgir atualmente o maior número de casos, com a Itália a ser o país do mundo com maior número de vítimas mortais, com 6.077 mortos. Segundo as autoridades italianas, mais de 7.000 dos infetados já estão curados.

A China, sem contar com os territórios de Hong Kong e Macau, onde a epidemia surgiu no final de dezembro, conta com um total de 81.054 casos, tendo sido registados 3.261 mortes.

Os países mais afetados a seguir à Itália e à China são a Espanha, com 2.182 mortos e mais de 33 mil infeções, o Irão, com 1.812 mortes num total de 24 mil casos, a França, com 674 mortes (16.018 casos), e os Estados Unidos, com 390 mortes (31.057 casos).

Vários países adotaram medidas excecionais, incluindo o regime de quarentena e o encerramento de fronteiras. Em Portugal, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, decidiu decretar Estado de Emergência no dia 18 de março. A medida foi aprovada no Parlamento, sendo que o primeiro-ministro, António Costa, anunciou uma série de medidas para combater pandemia.

Portugal está em estado de emergência desde as 00h00 de quinta-feira e assim permanecerá, pelo menos, até às 23h59 de 2 de abril.

Como lavar bem as mãos para se ver livre de vírus e outros microrganismos?