Em comunicado, a concelhia de Torres Novas (distrito de Santarém) do PSD afirma que, perante a crítica à atitude do vereador feita pela estrutura socialista e pelo próprio presidente do município, Pedro Ferreira (PS), “a única saída possível” para a "vacinação indevida" de Carlos Ramos “era a de um pedido de demissão do cargo de vereador”.

“Não tendo a mesma sucedido, deveria de imediato o executivo municipal, sob proposta do presidente, retirar todos os pelouros ao vereador, passando o mesmo ao regime de não permanência”, considera a concelhia social-democrata.

A reação surgiu na sequência de um comunicado da comissão política concelhia do PS, assinado pelo presidente deste órgão e por Pedro Ferreira, em que o partido manifesta “total discordância” com a “decisão individual” de Carlos Ramos, considerando que este “violou princípios” pelos quais o partido se guia.

Segundo o PS, a vacinação do vereador ocorreu “de forma voluntária”, com uma sobra “numa instituição onde todas as pessoas foram vacinadas”, a qual a concelhia socialista entende que “deveria ter sido aplicada noutra pessoa de maior risco de saúde e dentro das prioridades oficiais”.

Na “fase da audição da Comissão Política, o vereador em causa reconheceu o erro de avaliação da circunstância e voluntariamente entregou o seu Pelouro da Proteção Civil ao presidente da Câmara”, lê-se no comunicado.

A concelhia socialista salienta que a manutenção do cargo de vereador “não depende do presidente da Câmara, nem de qualquer outro órgão autárquico, mas apenas do respetivo titular eleito”.

A vacinação do vereador, ocorrida no dia 14 de janeiro, foi levantada pela coordenadora concelhia do Bloco de Esquerda depois da reunião do executivo camarário do passado dia 09, na qual Carlos Ramos fez um ponto de situação do processo, salientando que, durante a aplicação das vacinas nos lares, haviam sido vacinados, com as sobras, bombeiros e elementos da proteção civil que estivessem presentes, sem nunca se referir a si próprio.

No seu comunicado, o BE considerava que Carlos Ramos “não tem condições políticas para continuar no cargo de vereador do município de Torres Novas e que deve colocar o seu lugar à disposição”, atribuindo ainda ao presidente da Câmara “a gravosa responsabilidade de encobrimento” da situação.

Pedro Ferreira disse na altura à Lusa que não houve qualquer interferência da Câmara Municipal neste processo, sendo a toma da vacina da “responsabilidade e consciência de cada um”, salientando que a questão iria ser analisada pela comissão política concelhia do Partido Socialista.

O autarca disse apenas lamentar que não tenham sido definidas, logo de início, as regras a aplicar sempre que sobram vacinas, tendo havido, um pouco por todo o país, o aproveitamento de sobras, com casos mais e menos claros, de forma a que nenhuma fosse desperdiçada.

O executivo municipal torrejano integra cinco eleitos do PS, um do PSD e uma do BE.

Contactado pela Lusa, o vereador Carlos Ramos não quis fazer qualquer comentário.