“Inicialmente aceitámos isto muito bem. Ficámos em casa, muito sossegadinhos, muito obedientes. Macau, de facto, nesse aspeto, somos bons nessas coisas, somos melhores que as pessoas lá de Hong Kong. As pessoas de Macau, sejam portugueses, macaenses ou chineses, nós somos muito obedientes”, sublinhou Jorge Fão em declarações à agência Lusa.
Por outro lado, destacou que “o Governo [de Macau] fez um belíssimo trabalho” e que há que “reconhecer que (…) tomou certas decisões em tempo muito oportuno, o que não aconteceu em Hong Kong”.
Se as pessoas, “passadas duas semanas, começaram a ficar fartas de estar em casas (…) e começaram a sair”, a verdade é que ao acatar de imediato os apelos governamentais contribuíram para evitar o risco de contágio, defendeu.
O mesmo fez a APOMAC, que tem cerca de um milhar de associados, ao fechar a clínica, ao reduzir inicialmente o horário da cantina, que acabou por fechar mais tarde, e ao reforçar o apoio domiciliário junto de centenas de pessoas mais idosas e com dificuldades de mobilidade, destacou Jorge Fão.
“Tomámos todas as medidas cautelares”, que incluem a medição da temperatura corporal àqueles que ainda se deslocam à associação, explicou o presidente.
Jorge Fão sublinhou ainda os esforços para garantir máscaras, para prevenir qualquer falha no fornecimento por parte do Governo de Macau, obrigado a encomendar 20 milhões dada a crescente procura desde o início da epidemia.
Esforços que têm ajudado a que, “nestas paragens”, Macau seja “o sítio que teve menos contágio”.
“Temos apenas cinco pessoas hospitalizadas [em Macau] e (…) muito em breve, penso que dentro de alguns dias, não teremos ninguém contagiado”, acrescentou o dirigente.
Dos 10 casos identificados desde o início do surto pelas autoridades de Macau, cinco já receberam alta hospitalar. Em Hong Kong há a registar uma morte e 61 pessoas infetadas pelo novo coronavírus.
O Governo de Macau determinou na segunda-feira que os casinos têm a partir de quinta-feira 30 dias para reabrir as portas, encerradas há cerca de 15 dias, para evitar a propagação do surto do novo coronavírus na capital mundial do jogo.
Na quinta-feira já tinha anunciado benefícios fiscais para empresas e população, uma linha de empréstimos bonificados para as PME e medidas de apoio social para reduzir o impacto económico devido ao coronavírus Covid-19.
Macau determinou ainda o encerramento de estabelecimentos de diversão noturna, espaços desportivos e culturais, enviou alunos e funcionários públicos para casa.
As medidas excecionais praticamente paralisaram a economia da capital mundial do jogo e cuja indústria turística é também muito dependente dos visitantes oriundos do território chinês.
O número de mortos devido ao novo coronavírus (Covid-19) na China continental subiu hoje para 1.868, ao mesmo tempo que foram registados 1.886 novos casos de infeção, num total de 72.436 infetados, foi anunciado.
A Comissão de Saúde da China indicou que entre as 98 mortes ocorridas no país, 93 foram registadas na província de Hubei, centro do surto e onde várias cidades foram colocadas sob quarentena, com entradas e saídas interditas, uma medida que afeta quase 60 milhões de pessoas.
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