"Para ser verdadeiramente completa, essa avaliação deve incluir a resposta de todos os atores, de boa fé. Iniciarei uma avaliação independente, o mais brevemente possível, para analisar a experiência que se ganhou, as lições aprendidas e para fazer recomendações para melhorar a preparação e a resposta nacional e global à pandemia", afirmou.
Tedros Ghebreyesus defendeu que “todos os países e organizações devem examinar a sua resposta e aprender com o que fizeram”, salientando que a OMS está também disponível para aprender e mudar o que for necessário e que os seus mecanismos de avaliação independente estão a funcionar desde o início da pandemia.
“Agora, mais do que nunca, é precisa uma OMS mais forte”, afirmou, declarando que o mundo está “a aprender da maneira mais difícil que a saúde não é um luxo, mas uma necessidade”.
Ghebreyesus apelou a todos os países para investirem e fortalecerem o tratado global que coordena a segurança sanitária global – os Regulamentos Sanitários Internacionais –, apoiando uma proposta já feita o ano passado pelo grupo dos países africanos na OMS para haver “revisões periódicas à preparação de cada nação”.
“O mundo não tem falta de ferramentas, conhecimento científico ou recursos para ser mais seguro face às pandemias, mas tem falta de compromisso para os usar”, considerou, apelando a cada país para “fazer tudo o que é possível para garantir que a pandemia do coronavírus de 2020 nunca mais se repete”, algo que não precisa de nenhuma avaliação para se tornar evidente.
“O mundo não precisa de mais um plano, mais um sistema, mais um mecanismo, mais um comité ou mais uma organização. Precisa de fortalecer, aplicar e financiar os mecanismos e organizações que já existem, incluindo a OMS”, defendeu.
Apesar de “todo o poder económico, militar e tecnológico das nações”, o novo coronavírus veio evidenciar que o efeito de uma pandemia nos sistemas de saúde ameaça as “décadas de progresso” já conseguido em saúde a nível mundial contra outras ameaças, como a malária, mortalidade infantil e maternal ou o VIH.
“Mas isto é muito mais do que uma crise sanitária, com vidas e modos de vida perdidos, centenas de milhões de pessoas desempregadas e a economia global rumo à maior contração desde a Grande Depressão” da década de 1930.
O diretor-geral da OMS salientou que “ a maioria da população mundial continua vulnerável a este vírus”, referindo que os estudos preliminares de imunidade indicam que “mesmo nas regiões mais afetadas, a proporção da população com anticorpos não é superior a 20 por cento e, na maioria dos territórios, é inferior a 10%”.
Por isso, a OMS recomenda cautela aos países no levantamento das medidas de restrição de movimentos que permitam “a recuperação económica global mais rápida possível”.
“Os países que o façam demasiado depressa, sem erguer a arquitetura de saúde pública que permita detetar e conter a transmissão, correm o grande risco de estar a prejudicar a sua própria recuperação”, afirmou.
Salientou que o novo coronavírus é “um inimigo perigoso, com uma combinação perigosa de características: eficiência, rapidez e letalidade”.
“Pode espalhar-se silenciosamente se não prestamos atenção, explodir repentinamente se não estivermos preparados e propagar-se como um incêndio”, um padrão que se tem repetido em países e cidades por todo o mundo.
“Temos que tratar este vírus com o respeito e a atenção que merece”, salientou, referindo que “mais de 4,5 milhões de casos foram comunicados à OMS e mais de 300.000 pessoas morreram”.
O foco no combate à covid-19 não deve desviar a atenção de outros objetivos, como os definidos há três anos no programa da OMS de alargar a assistência e a proteção a mais mil milhões de pessoas até 2023, e a vacinação de mais 300 milhões de crianças para 18 doenças até 2025, destacou.
A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 315.000 mortos e infetou mais de 4,7 milhões de pessoas em 196 países e territórios.
Mais de 1,7 milhões de doentes foram considerados curados.
Em Portugal, morreram 1.231 pessoas das 29.209 confirmadas como infetadas, e há 6.430 casos recuperados, de acordo com a Direção-Geral da Saúde.
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