A posição do conselho de administração do Hospital do Espírito Santo de Évora (HESE) foi transmitida à agência Lusa por fonte do Gabinete de Comunicação e Marketing, após a divulgação das conclusões de um relatório da Inspeção-Geral de Atividades em Saúde (IGAS).
O surto de covid-19 no Lar da Fundação Maria Inácia Vogado Perdigão Silva (FMIVPS), em Reguengos de Monsaraz, foi detetado a 18 de junho de 2020 e provocou 18 mortes (16 utentes e uma funcionária da instituição e um homem da comunidade).
Questionada pela Lusa, a fonte do HESE afiançou que “a intervenção do hospital neste surto cumpriu plenamente a sua missão, dando a resposta necessária aos doentes”.
A mesma fonte limitou-se a acrescentar que a administração hospitalar desconhece, “para já, o relatório da IGAS”.
A Lusa também contactou as administrações das unidades locais de saúde do Baixo Alentejo (ULSBA), Litoral Alentejano (ULSLA) e Norte Alentejano (ULSNA), que indicaram não ter conhecimento oficial do relatório da IGAS e que, eventualmente, só se pronunciarão após a análise do documento.
Uma resposta idêntica foi dada à Lusa pela Administração Regional de Saúde (ARS) do Alentejo, através de correio eletrónico.
“A ARS Alentejo informa que não tem conhecimento do relatório da IGAS. No momento [em] que o tiver irá analisá-lo com a devida atenção e, se assim o entender, pronunciar-se-á sobre o mesmo”, pode ler-se na resposta.
As conclusões da IGAS, no inquérito ordenado pelo Ministério da Saúde no seguimento do surto no lar da FMIVPS, admitem “responsabilidade deontológica” dos médicos que recusaram visitar a instituição no seguimento de instruções da Ordem dos Médicos e de um sindicato.
Sobre a responsabilidade das administrações e autoridades regionais e locais de saúde, a IGAS conclui que a conduta da ARS do Alentejo “pautou-se pela articulação com todas as entidades envolvidas”, mas aponta que no caso da Autoridade de Saúde Regional do Alentejo, para a qual foi recentemente nomeado um “novo titular”, a sua “eventual responsabilização disciplinar já se encontra prescrita”. Já a autoridade local de saúde teve o comportamento “exigível”.
Ao nível das unidades de saúde, a IGAS aponta falhas ao HESE e às unidades locais de saúde (Norte Alentejano, Litoral Alentejano e Baixo Alentejo), mas conclui que “a deficiente colaboração dos estabelecimentos hospitalares envolvidos não implicou aumento de risco ou prejuízo para os utentes do Lar e/ou para terceiros”, tendo a ministra Marta Temido recomendado uma maior articulação, “atenta a imperativa necessidade de um melhor trabalho em rede, em semelhantes circunstâncias futuras”.
As informações foram divulgadas pela tutela na segunda-feira e os documentos referentes ao processo serão remetidos ao Ministério Público da comarca de Évora, onde decorre um inquérito de natureza criminal, assim como ao Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social (MTSSS).
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